Um novo retorno

Após uma singela passagem pelos servidores inúteis do WordPress, este blog está de volta ao Blogger.

Neste meio tempo, dispensei uma oportunidade de emprego ótima simplesmente porque não ia dar pra pagar as dívidas (fuck), escrevi uma crítica sobre o reality show dos mineradores do Chile antes que o Observatório da Imprensa o fizesse (RÁ!). Terminei de ler o Um Grande Garoto, livro meio boring, mas que acaba sendo como um compêndio geral sobre as famílias desestruturadas dos últimos 20 anos. Guardei algumas idéias para o meu futuro que jamais devem ser colocadas em prática. O Itaú conseguiu me rejeitar uma ajuda básica (consegui de novo, amigos) e o Jack Ribs provou ser a pior merda em fast-food de shopping. Entre outras felicidades, o Meleca voltou e eu me declarei fã do Nilson César.

Obrigado pela vista. Agora sim, programação normal.

EU ESTOU ARREPIADO, QUARTAROLLO!

ou…

Não sei exatamente o que faz alguém tornar-se ídolo de uma personalidade qualquer. Também não tento explicar aqui o motivo que leva garotinhas pré-adolescentes e seus respectivos amigos andrógenos a tumultuarem a entrada da MTV pra ver um integrante do Restart passar para uma entrevista, deixando malucos os seguranças e meu único amigo que vive o sonho de qualquer garoto nos anos 90 trabalha lá.

Digo ‘tornar-se ídolo’ apenas sobre o conceito básico de admiração. Eu admiro muita gente, mas sou fã de poucas pessoas. É um degrau acima, acredito. Na minha base de preceitos para se tornar fã de alguém não é preciso ser íntegro, não é preciso ser correto. A maestria pura e simples me basta. Como bem explicou o amigo André Câmara:

  1. Andre Camara
    andremca Pra mim o conceito de arte é muito claro: eu conseguiria fazer igual? Não? Então é arte. 06 May 2010 from Echofon

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Aí entra o Nilson César. Ouço jogos de futebol pela rádio desde pequeno, no carro com meu pai ou em casa, quando a Globo decide passar jogos de outros times, o que é perfeitamente normal. Mas de uns tempos prá cá, não tenho conseguido ver os jogos na TV. Na Globo, o Cléber Machado deixa muitos espaços vazios na narração, quase como se estivesse sem graça de falar; Galvão Bueno salva a equipe (me processem!). Apesar de ter um contador de imbecilidades ditas por segundo, ele pelo menos tenta fazer bem seu trabalho. Na Band, Luciano do Valle e Silvio Luiz dão uma aula de como superar o Alzheimer esquecem e trocam nomes de jogadores à deriva e, se o Neto não corrigir, eles deixam exatamente como está. E qualquer um que seja corrigido pelo Neto não merece nossa atenção, certo?

Nilson César é narrador titular da Rádio Jovem Pan, onde trabalha desde 1982. Essa parte institucional eu encontrei em seu blog. Pra mim, Nilson César é o narrador que aparece na minha mente quando se diz a palavra ‘narrador’. Nilson César faz com que eu queira ser um daqueles tiozinhos que assistem TV com o radinho de pilhas do lado (ou com fones de ouvido. Como é que esses tiozinhos não pensaram nisso antes?).

Procurei uma forma de ouvir suas narrações via internet, mas não encontrei nada e encontrei as narrações dos gols de todas as rodadas e alguns poucos vídeos do youtube. O negócio é que cada jogo narrado por sua voz é uma obra de arte única e infelizmente passageira, pois tem seu fim quando encerrados os 90 minutos. Nunca soube o que responder quando me perguntavam se eu tinha algum ídolo. Aliás, soube: ‘meu pai’, ‘meu avô’, mas esses não valem, são minha história. Da próxima vez, vou bradar sem medo: ‘Sou fã incondicional de Nilson César’.


*pra validar o texto, o áudio acima é de um gol contra meu próprio time e não deixa de ser emocionante.

Look who’s back

É de se dizer que jamais nos veríamos novamente. Estudante da GV, moleque bom, hippie de coração. Sempre o encontrava de passagem pela livraria em que eu trabalhava, uns 6 anos atrás. Meleca é parte do que eu queria ser quando crescer – ainda que seja mais novo do que eu -: Pegar uma bicicleta e viajar o Brasil, a América do Sul, vivendo de meus próprios êxitos, do ‘lucro’ de badulaques confeccionados em clips e rolhas de garrafa pet, ou coisa que valesse.

Certo dia, pegou sua bicicleta e saiu. Passaram-se anos com poucas notícias suas. Desaparecido? Não, na verdade, talvez estivesse encontrando a si mesmo. Foi ‘quando ele saiu pra vida’, concluiu o Wolvs. O moleque da zona sul desapegado das regras invisíveis criadas sobre a base de nossa sociedade pegou a bicileta e viajou o Brasil inteiro vendendo artigos hippies. Ganhou uma comunidade no orkut, pra você não pensar que conto aqui uma história de ficção, uma fantasia sem base na realidade.

Voltou dia desses e já podemos encontrar a estrela do Meleca nos bares e lugares comuns do Campo Limpo e Capão Redondo, com sua garota do Amazonas e certamente mais histórias pra contar do que poderemos ter durante uma vida inteira.

Quando encontrá-lo, certamente vou perguntar timidamente sobre a viagem, sem querer um parecer ou uma resenha a respeito, porque talvez um ano inteiro de conversa não dariam conta de ouvir e conhecer cada lugar por onde passou, cada pessoa que conheceu e cada sensação que a liberdade e o desprendimento lhe proporcionaram.

Meleca está de volta e fiquei realmente feliz por saber.

O Texas, definitivamente, não é aqui

Escolhemos o domingo a noite para pegar um filme no shopping Villa-Lobos. Porém, os horários avançavam demais madrugada adentro pra ver uma comédia romântica ou um filme que dava pra esperar em DVD.

Decidimos jantar lá.

O shopping porta uma praça de alimentação respeitável, sem dúvida. Sempre me deixa escolhendo por horas e tal. E então, pra não escolher o Burger King rotineiro, decidi pelo Jack Ribs.

Ao chegar no balcão e pegar o cardápio, as atendentes pararam as piadas internas e contiveram os risinhos na medida do possível. Eu não sou um cara excessivamente chato. Sei quando preciso ser respeitado e sei quando não dar a mínima. E aquele era um momento ‘não dar a mínima’.

Pedi meu sanduíche com fritas, sentei esperando minha senha. Quando chegou, o lanche tinha a parte de baixo encharcada pelo molho barbecue (I hope so). O pão estava duro, amanhecido e recém retirando do microondas.

O hamburguer de picanha era lindo, sério, mas fora feito de maneira tão porca que estava cru por dentro e parecia chiclete de carne. As batatas eram claramente velhas e requentadas. Pelo menos com o refrigerante estava tudo certo.

Apesar da crítica positiva no blog Eu Comi – pedi exatamente o mesmo combo relatado no post do Guilherme, com exceção da Coca-cola ao invés de Fanta – tive uma primeira impressão tão terrível do serviço prestado pelo Jack Ribs que dificilmente voltarei lá.

Da próxima vez é Whooper, sem inventar.

Itaú, nem parece banco

Daí que mudaram as datas de pagamento aqui no trabalho. Agora recebemos vales, pra não ficarmos sem grana o mês inteiro etc. E, claro, para os desorganizados como eu o negócio se tornou uma tempestade irreparável.

E fui em minha caríssima agência do Banco Itaú (linkei até o twitter para esses covardes do monitoramento web encontrarem rápido essa crítica), alterar datas de pagamento de um velho acordo.

Acho que tenho uma certa habilidade para escolher agências em que os gerentes são antipáticos e arrogantes no limite da falta de sensibilidade. (tem a ver também com a localização da agência e o pensamento que negros desajeitadamente fora de moda não devem ser tratados decentemente, mas isso é pra outro texto). A primeira resposta é, naturalmente: ‘não posso te ajudar, tenta ligar na central’. Ao contrário do que se pensa, eles só ajudam o cliente em último caso, antes de dar alguma merda jurídica.

E, bem… não, eles não podem alterar a data de vencimento sem fazer uma odisséia a respeito.

About a boy

Nesse final de semana terminei o segundo livro do Nick Hornby, ‘Um Grande Garoto’. Livro que, tal como Alta Fidelidade, virou filme retrato-de-uma-geração.

Confesso ter achado meio enfadonho todo aquele clima do sujeito vagabundo que não entendia a vida mesmo depois dos trinta – como se em alguma idade a gente pudesse compreender tudo -, mas o livro começa a embalar pela forma que a história é contada a partir de diversos pontos de vista. Do vagabundo trintão, do garoto que usa uma lógica ortodoxa para lidar com situações corriqueiras, de sua mãe depressivo-maníaca, até do Kurt Cobain em fase terminal.

Ao final de tudo, uma história simples de famílias desestruturadas e um personagem alheio a humanidade (ah, os valores contemporâneos!) se torna uma trajetória emocionante de confiança, respeito e aprendizado, escrita no melhor estilo que o Nick Hornby sabe fazer, ilustrando cenas com músicas, nomes de cantores e jogadores do Arsenal.

Mudanças e idéias pro caderno

Daí que mudar pro WordPress sempre me traz algumas lembranças terríveis dos meus antigos blogs com layout perfeito e sem nada pra dizer.

Acho que a proposta muda, quando comecei este blog era mesmo pra escrever aforismos e guardar posts como recordações de uma época que ainda estou vivendo. O que me livra de surrar a criatividade atrás de títulos carismáticos para os mecanismos de pesquisa, ou de checar o Analytics como um viciado.

Continuo com a idéia de criar aquele portal de blogs de amigos – virtuais, claro, uma vez que 98% dos amigos físicos não tem blogs -, mas sempre me perco pensando na equação abaixo:

Valor da hospedagem + Parcela atrasada do carro + Convites + Criar o Layout = não vai acontecer

Outra idéia que falei pra Chiba dia desses é montar uma empresa de bom senso na internet. Partindo do princípio que alguns empresários, artistas e modelos de negócio do tipo lojinha de bijouterias ou assessoria de imprensa não entendem nada de como utilizar a internet a seu favor, minha idéia é criar algo com um slogan do tipo: você sabe que precisa de presença na internet, mas não faz idéia? Ligue!

A última é simples, um podcast sobre influências com meu amigo Jefferson. Entrevistar grafiteiros, políticos, blogueiros e donas de casa anônimas na mesma vibe, pra saber o que eles estão ouvindo, lendo e assistindo. Discussão cultural amadora, conversas beirando o ridículo e toda a galhofa de sempre. Formato quinzenal, de uma hora. A prioridade número um: não copiar a abertura do nerdcast.

Claro que são idéias para morrerem lindamente ilustradas e estruturadas apenas no meu sketchbook.

Oportunidades

Esses dias recebi de uma amiga de twitter um convite para trabalhar com mídias sociais, agência de publicidade, monitoramento web, esse tipo de coisa que me manteria mais tranquilo e sem planilhas de produtividade.

Mandei meu currículo e conversamos através de DMs, foi quando soube que o salário era, sei lá, 200 reais mais baixo que o meu atual. E eu, (covarde, como diria o Guto) desisti.

Acho que nunca me arrependi tanto quanto às minhas escolhas depois de velho. É de se pensar que eu iria analisar a parada, fazer minhas contas e dar um feedback. E não só agradecer dizendo que não ia rolar.

Sigo aqui, lutando contra doenças mentais que vão aparecer invariavelmente entre uma coluna ou outra do excel.

Devia ter ouvido o Lion:

Resgatem-nos!

Deslumbrante (NOT) o evento que a mídia nacional fez sobre o resgate dos mineradores chilenos na noite de ontem. Eu tentava assistir pela primeira vez o programa A Liga, na Band, que parecia ter uma linha Gonzo interessante, trazia o Rafinha Bastos sem fazer piadas e tratava de sem-tetos em São Paulo.

Terminei de ver o programa, embora tenha sido interrompido sumariamente por uma garota do plantão trazendo imagens ao vivo do salvamento dos novos heróis nacionais no Chile.

Impressiona que eles tenham ficado debaixo da terra por tanto tempo, mas acredito que o conceito de heroísmo tenha perdido completamente o sentido e venha sendo usado sob a guisa irresponsável de chocar o público. Ora, se sobreviver em condições adversas faz de você um herói, a humanidade está num incrível inflação de supermans.

Outro fator decepcionante foi o declínio do provável setor de tecnologia novas mídias que não soube transportar pela TV uma imagem transmitida pela internet. Quem assistiu os plantões da Record News e Band viu a inacreditável cena de um monitor sendo filmado por uma câmera sem tripé que tremia compulsivamente.

Não posso dizer exatamente se as imagens foram feitas pelas emissoras nacionais ou retransmitidas de alguma emissora chilena, mas não restam dúvidas que foi uma ocasião lastimável para o jornalismo de TV.

SWU, quem curte?

Fui no sábado, óbvio, junto com a multidão de guerrilheiros fake ver o Rage Against the Machine.

As aberturas não poderiam ter sido melhores: Infectious Grooves, que só no dia fiquei sabendo que era a banda do vocalista do Suicidal Tendencies; E duas outras que queria ver faz um bom tempo: Omar Rodriguez Lopez e seu, no mínimo, curioso The Mars Volta e o reunion do Los Hermanos que, agora posso concluir, tem os fãs mais declaradamente insuportáveis do universo.

Mas o Rage Against the Machine, mesmo com os cortes de som, as oscilações no volume e a galera desesperada se debatendo inacreditavelmente, mesmo tendo me perdido de todo o pessoal das duas vans (!), acabei no meio de uma galera que curtia tanto o show que não liguei muito para todo o resto. Sorri como um garotinho em Bombtrack e Wake Up, lembrei de todos os meus amigos da escola tentando tocar no violão o baixo de Freedom, entre outras milhares de boas vibrações.

Desde o tocar do alarme que indicava o início do show e a estrela vermelha que dava o tom de rebelião local, eu mal pude acreditar que estava ali. Não foi o show de maior qualidade que já vi na vida por culpa do evento – e, possivelmente, da mesa de som trazida pela banda -, mas sem dúvida o show mais nostálgico, com o melhor set, a banda mais entregue e disposta a fazer os fãs enlouquecerem que já pude presenciar.

Claro que não podia faltar os revolucionários de merda usando qualquer local como banheiro – inclusive as reentrâncias e brechas entre um ou outro banheiro químico -, quebrando grades da área vip, esse tipo de ‘guerrilha’.

O SWU em si foi um pesadelo pra muita gente. Não é difícil encontrar por aí nego falando mal. Também, não é pra menos: filas de trânsito na saída, banheiros emporcalhados já na primeira noite (percebeu que tenho um problema quanto a isso?), mas o fato que achei realmente absurdo foi num ambiente sustentável em que alguns passariam três dias, você não poder entrar com qualquer alimento ou bebida – barraram minha água. Se a idéia do evento foi trazer consciência ecológica ou qualquer coisa desse tipo, a organização deve ter enfiado a cara na terra depois de tantas falhas.