Tudo das últimas semanas

Primeira noite sem preocupação de trabalho no dia seguinte. Férias, finalmente. Adiaram, não pagaram, mas cá estou eu em casa com minha “galera”, que se resume em uma pizza, uma garrafa de vinho, o HDMI, e uns 14 Lucky Strikes.

Não sei marcar exatamente o ponto em que as coisas pareceram mudar de lugar. Mas de repente tudo mudou, como naqueles clichês de pagode do Chrigor. Tem a ver com vir trabalhar mais perto de casa, eu sei, me reacostumar ao trem e sentir pena de quem precisa ir para o trabalho de carro, sem julgar, mas poder pegar o trem com sono e lendo aquele Montaigne foi meu grande acontecimento desse ano.

A semana conturbada do meu aniversário também ajudou. Entrou tanta coisa na minha cabeça que agora estou conseguindo filtrar o que deve ser útil manter por aqui. Só não tenho mais certezas. De nada. E nunca me senti tão bem a respeito de tudo.

Deixei de postar com frequência, mas preciso arrumar um jeito. Talvez quando terminar Friends (Estou na oitava temporada, o Joey está apaixonado e, olha, acho que vou ver tudo entre hoje e amanhã do jeito que isso anda).

E entrei no antigo blog da minha banda de seis anos atrás, lembrei de uma época que me achava o mais legal da banca por ser um poeta de versos sem sentido. Constrangedor lembrar dessas coisas. E não, nunca gostei de Legião direito.

Então, vá lá, as pequenas metas das pequenas férias:

  1. Ver três filmes no in-Edit (o Duardo me recomendou chamado The Last Poets, Made in Amerikka, um filme sobre o clubinho de poesia do Gil Scott Heron. Daí pra frente me empolguei e vou listar três pra assistir)
  2. Fazer um orçamento da manutenção da guitarra em algum Luthier da Teodoro
  3. Tirar meu MTB (ainda tenho traumas da faculdade, mas já faz cinco anos e eu entrei numas de que preciso superar)
  4. Fazer uma semana de Insanity, aquele programa de exercícios monstruosos que os moleques assistiam na Cultura pra ver as mulé alongando.
  5. Começar o livro novo, revisar o velho (se eu achar o arquivo) e ver quanto custa uma impressão estilo pocket book.
  6. Assistir sete westerns (ainda a escolher)

Já que fico por SP, vou marcar algumas coisas que não faço faz tempo, tipo ver os instrumentos na Santa Ifigênia e testar amplificadores valvulados que nunca vou comprar. Comprar um boné sem marca, se ainda existir aquela loja de bordados na galeria do Rock. Comer a mortadela do mercadão, talvez com meu pai, olha, que idéia. Talvez seja a hora certa de tirar proveito do Google Calendar.

IR 2011 e Scatman John’s Orchestra

Até 2010 eu vivi pagando alguém para fazer minha declaração do imposto de renda. Mas minha mãe algo me dizia que esse ano eu ia fazer sozinho. Em janeiro já estava pensando no assunto: “po, primeira vez, não sei como funciona, vou fazer bem antes do prazo pra não ter erro”.

Baixei o programa no mesmo dia. E comecei: “Vamos lá, nome, CPF, endereço, po, é bem fácil, é pra isso que esses merdas ficam cobrando 70 mangos de gente inocente como eu? Então tá, vamos lá… putz, mas título de eleitor, mano?”.

Abandonei até duas semanas atrás com minha mãe cobrando a parada como se minha vida dependesse completamente disso. Foi aí que, finalmente, achei o título de eleitor: “Aí sim, agora os valores. Mas e cadê os extratos de rendimento?”.

Novamente abandonei. Até ontem, quando o amigo Adolfo me deu uma aula prática passo a passo por uma módica caixa de cervejas cintra e me fez descobrir porque a gente paga esses seres de luz para declarar nossos impostos.

***

Claro, tendo uma aula de IR depois da meia noite, tive de dormir uma da manhã. De novo. OK, nos outros dias era só pra ver Friends.

E digamos que tentar dormir com uma obra funcionando ao lado da sua casa é a mesma sensação de ter um milhão de Scatman Johns cantando a introdução de “I’m a Scatman” do seu lado da sua cama:

Ainda bem que as férias começam amanhã. =)

Uma cópia de uma cópia de uma cópia

Competindo arduamente com Beleza Americana e Franklyn (que preciso rever em caráter de máxima urgência), o Clube da Luta está no top 5 da minha vida. Não é só um filme de gente que briga, espero que vocês saibam disso. Se não souberem, por favor, aluguem, baixem, comprem. É desses filmes com personagens conturbados e problemáticos, com a história mais maluca e sensacional que conheci.

Definitivamente esse é o primeiro filme de minha lista.

Não é o primeiro da lista só pela história, mas sim por todas as cutucadas sobre a vida servil do homem moderno, sobre tudo que vai continuar fazendo sentido durante toda nossa vida. O Clube da Luta funcionou pra mim como aquele amigo punk que te leva para uma reunião do Comitê Anarquista de São Paulo na Av. Paulista (não sei se existe).

Foi o primeiro filme a me mostrar que existem coisas erradas demais no mundo que vivemos e como elas são mascaradas e fingidas para serem tratadas como normais e corretas.

E segue abaixo uma coleção de gifs do Clube da Luta. Não são todas as melhores cenas, embora todas sejam bem marcantes na história. Fica aí minha contribuição e uma boa oportunidade para rever o filme e lembrar do Helpful Tyler Durden:

Fiz isso com Requiem para um Sonho na era jurássica deste blog, just for the record.

Happy Birthday, Mr. President

São 27 anos nessa imensidão de vida. Quase três décadas pode-se dizer também. ’27 anos não são 27 dias’, imortaliza minha mãe. Não são. E cá estou. Finalmente num dia bacana, numa empresa bacana, escrevendo um post na hora do almoço. Lembrando da namorada. Dos amigos, dos velhos e bons, dos novos e sinceros.

Começo a rever o ano passado e vejo como estava perdido. O Koelho profetizou de manhã que 27 é a idade-chave. Não sabemos exatamente em que sentido, mas até agora neste pequeno balanço anual, tudo parece um grande recomeço.

Falo da banda nova, das músicas que tenho pensado em fazer, de ter que levar meus pais no aeroporto amanhã, de faltar uma semana pras férias, de estar incrivelmente bem mesmo com tantos artifícios temperamentais me impedindo. Por querer comprar o Primeiramão e procurar apartamentos para alugar no meio do caminho, por ter todo um plano envolvido nesse negócio de roomate quase marido. Por ter passado os dois últimos finais de semana recusando cerveja e querendo só uma paz estranha, solitária e sem vinculos quaisquer.

Hoje eu não ganhei carona, não saí pra almoçar com a galera, não acordei com uma dúzia de presentes, não recebi sequer uma ligação. Passei muitos anos fingindo ter um monstro apriosionado querendo morrer nesta data, mesmo com um monte de gente me ligando, vários presentes e comemorações. Hoje consigo dizer que meu reveillón particular (como alguém disse outro dia), é sempre uma grande data pessoal, mesmo sem festa, confete e presentes.

Feliz aniversário pra mim.

Quer dizer…

Sou adepto a dar os parabéns a aniversários no Facebook. Acho de bom gosto, principalmente para as pessoas lembrarem do seu manter a atividade do perfil.

Daí que outro dia era aniversário de uma antiga conhecida, sobrevivente da faculdade. E comecei a lembrar que, na faculdade, tal qual em meu antigo emprego, um grupo de garotas costumava se chamar de Re, Fa, Si, Sa, então eu me graduei sem saber ao certo o nome de algumas pessoas.

E foi então que entrei no perfil da Regina desejando feliz aniversário para a Renata.

Sobre Fatores Extras

Algumas vezes vejo um homossexual extremamente feio por um conjunto de fatores que vão além de sua opção sexual e penso ‘porra, mas quem diabos poderia querer transar com esse malandro?’. Aí penso em postar a parada no Twitter e ser recriminado mortalmente, tomar uns 6 unfollows e seguir a vida, essas coisas.

Analise bem, entendo que meu hall de preconceitos só me permite relacionar homossexualidade à sexualidade e não ao amor ou ao sentimento, por exemplo. Mas não é um simples caso de homofobia, eu só acho que quando um cara é realmente muito estranho por esse conjunto de fatores que delimitam minha opinião pessoal, ele opta por uma parcela menos explorada dos relacionamentos íntimos.

Considerando que a relação homem x mulher é a relação usual do ser humano, ele escolhe participar do “grupo de escolhidos”, sejam gays, bissexuais, zoofilos (?) etc. Gente que vai aprová-lo por uma condição extra que vai além de ser ridiculamente horrível, que é o fato de optar pela homossexualidade, pela bissexualidade ou por fazer amor com seu cachorro. E eles o acolhem, o abraçam e formam esse novo nicho de assinantes da revista NOVA (ou da Cães & Cia, em casos mais extremos).

As usual, nunca chego a lugar nenhum com isso tudo e termino o raciocínio imaginando uma pesquisa encomendada pela Globo apontando o quanto decaiu o nível de beleza entre os homossexuais recém adeptos. E então procuro algo melhor pra desperdiçar meu pensamento.

Tablets e toda essa choradeira

Melhor atual definição sobre tablets veio num making of promocional do Xoom, o novo gadget da Motorola que teve pré-lançamento numa página lindona no site da firma. O vídeo é gringo e estava um pouco em cima da hora demais para legendar, mas esse trecho chamou muita atenção:

“Você pode fazer um tablet, mas dependendo da maneira que funciona o software, a experiência não é otimizada para um tablet. Então você sente que comprou um smartphone e que ele só não cabe mais no seu bolso.”

—Jim Wicks, Vice Presidente da Motorola

Certo que o Android Honeycomb (o novo sistema operacional dedicado a tablets) promete melhorar tudo, mas a verdade tá aí. Ou não. Realmente não faz sentido algum andar com um “smartphone de 10 polegadas” por aí. Também não faz sentido dizer: “vale a pena se a conexão for rápida” porque o fator tamanho não tem relação nenhuma com o fator usabilidade. E esse sou eu levando isso muito a sério.

Ter um tablet que rode o mesmo Android do seu celular não agrega. A não ser que você seja um aficcionado por exibir seus pertences por aí, como esses carinhas que ouvem sets de funk e sertanejo no metrô. Ou que você tenha quatro metros de altura e bolsos gigantes.

É justamente por não querer toda essa conectividade, interação, joguinhos, mídias sociais e câmeras de alta definição que eu ainda prefiro os tablets dedicados a leitura como o o Kindle ou o Positivo Alpha.

Good times are back again

Um filme que definitivamente preciso ver é esse Simple Man, ou Simples Desejo na versão em português. Porque um diálogo desses merece todo nosso respeito:

Ned Riffle: I want adventure. I want romance.
Bill McCabe: Ned, there is no such thing as adventure. There’s no such thing as romance. There’s only trouble and desire.
Ned Riffle: Trouble and desire.
Bill McCabe: That’s right. And the funny thing is, when you desire something you immediately get into trouble. And when you’re in trouble you don’t desire anything at all.
Ned Riffle: I see.
Bill McCabe: It’s impossible.
Ned Riffle: It’s ironic.
Bill McCabe: It’s a fucking tragedy is what it is, Ned.

Lembrei desse trecho numa vinheta do Reffer (que voltou a tocar!), na abertura de Interference, de 2001:

E só lembrei do Reffer essa semana porque os bons tempos estão de volta. Deixemos assim. =)

Proselitismo Troll

É que quando algo é muito novo pra mim eu tenho aquela tendência a ser esquisito. É um comportamento que varia de acordo com a demanda psicológica que a situação exige. Fica tudo mais fácil quando apenas alguns simples small talks resolvem: ‘porra, é foda’ vem junto daquele raciocínio meu e do Wolvs que palavrões geralmente resolvem qualquer conflito social, além de serem claros demonstradores de interesse. A teoria é grande, um dia eu explico melhor.

O fato é: nesta fase eu não consigo puxar assuntos, manter conversas saudáveis e começo a cogitar trazer minha caveira para fazer de porta trecos. É como se eu tentasse convencer todo mundo que sou um maníaco inveterado até a crise passar e eu voltar a ser só um malandro risonho e educado, que não sabe se vestir bem.

Inferno Astral, a brand new season

Nunca me disseram que eu podia sonhar. Acho que isso foi fundamental para que eu crescesse sem grandes obsessões. Descobri isso de uma maneira um pouco pesada demais que, afinal, é o melhor jeito de aprender. Não vou contar toda a história, mas posso dizer que envolve a Denise, condomínios de luxo dos Jardins e uma carta.

Ultimamente, o que tem me atormentado a mente são as respostas que não consigo dar para auto questionamentos até simples demais. É a perfeita ironia concretizada daquelas perguntas que me faziam nas entrevistas “onde você se enxerga daqui há cinco anos?”, ou “me fala que é o Robson Assis?”, ou “quais são seus planos pra vida, afinal?”. Max Gehringer manda lembranças com um sorrisinho sacana no canto da boca.

Daí que o inferno astral desta temporada está me trolando de forma que ninguém mais possa perceber. Por enquanto, vamos lidando relativamente bem. Aguardem os próximos episódios.