Ok, amigos, acabei de perder um texto legal só porque teimo em usar o bloco de notas do computador, que só tem um Ctrl+Z, por uma imbecilidade sem tamanho do pilantra que criou isso. Deve ter sido o mesmo cara que deu a idéia do botão Insert pro teclado, para o qual até hoje tento descobrir alguma utilidade.
Categoria: Pessoal
Imperfeitos
DeBonfanti http://migre.me/3Cc60 // Quero lembrar de um tempo, q uma rua vazia, chuva e nós dois numcarro, era o mundo perfeito pra mim.
13 Jan 2011 from web
— this quote was brought to you* by quoteurl
É quase completamente enlouquecedor namorar à distância. E não estou dizendo de pessoas que moram em outros estados ou países, pois, destes, as diretrizes do universo se ocupam, tendo em vista os prévios entendimentos implícitos na decisão de manter o relacionamento. Trato aqui dos namoros convencionais, de quando você mora na zona sul e sua namorada está na zona oeste** — por instinto, veio na cabeça agora um coro de vozes do programa do Rodrigo Faro que ladram ‘vai de busã-ão, vai de busã-ão’, mas bem, voltemos ao ponto.
Vocês dois trabalham, vocês dois se amam, vocês dois adorariam viver a vida de renomados paleontologistas e diretoras de moda da Calvin Klein, embora tudo o que possam fazer é se encontrar nos finais de semana para uns filmes, uma caminhada no parque, ou um cinema, jantar e encontros duplos, mas a saga da semana até o beijo final é exaustiva, complicada e, por vezes, dolorosa.
Digamos que você já tem problemas demais no trabalho e que o lugar não é o museu de dinossauros que você gostaria de trabalhar. E digamos que sua namorada está ocupada demais para criar um tempo e fazer aquele curso de moda no Senac. No final de semana, todo o tempo que têm sobrado para vocês dois, vocês vão gastar juntos (é o que se espera) reclamando de tudo isso ou, numa melhor perspectiva, fugindo da segunda-feira que já chegou. Porque quando a semana recomeça, tudo o que vocês têm são telefonemas, e-mails trocados e risadas sobre qualquer bobagem para esquecer essa miserável e traumática relação virtual.
Portanto — e neste trecho este texto se assemelha a alguém tentando defender algo apenas com críticas. Já começo a ouvir de longe os rumores de ‘você não tá ajudando com isso’ — é necessário ter em mente um plano para uma vida melhor. Um plano com prazos e estratégias, ainda que distantes. E isso não significa planejar a vida toda em tópicos e viver cada linha como única e imutável, pois, sinto informar, nesse meio tempo algumas coisas podem dar errado. E esse caráter imprevisível é que impulsiona nossa vontade de viver.
E quem sabe em alguns anos você não vai estar ligando no escritório da Calvin Klein dizendo para sua esposa o encontrar naquele restaurante árabe em 20 minutos, porque acabou de terminar o estudo de análise do femur daquele pterodáctilo. Who knows?
—
*ilustrei o post com esse tweet que deu a idéia desse texto
**sim, essa é minha vida, amigos.
O poder da distração
Hoje—graças ao amigo Thiago Zati—conheci esses aplicativos que prometem focalizar sua atenção apenas para o que estiver escrevendo, distraction-free, como bem apontou o Life Hacker. Se realmente funcionam, eu estou testando com o tempo.

thiagozati
Este tipo de programa trabalha com a prerrogativa que se você não tiver nenhuma possibilidade de interagir com outros assuntos que lhe interessem, você não tem como se distrair. Embora eu ainda acredite que a distração a gente é quem faz—se não tiver ali meus add-ons do Firefox vai ter a TV na minha frente, a música que você vai insistir em trocar, o café pra fazer etc. Os distraction-free são apenas uma tela em branco, esperando para ser escrita, tomando toda a tela de ponta a ponta, com tudo o que você precisa: um contador de toques/palavras e uma busca através de comandos no teclado.
As funcionalidades desse aplicativo para meu trabalho, por exemplo, não funcionariam muito bem, uma vez que preciso escrever diversos textos por dia e postá-los na página de administração do site, o que requer o acesso a um navegador qualquer, com plugins e aquele maldito botão do Stumble Upon que faz você perder horas.
Para o que você está se perguntando, a resposta é sim: bastaria usar o Chrome sem nenhum plugin e com direito a apenas uma aba, né gente, mas sabe como é isso, bem… do que falávamos mesmo?
Apoiado por mais de 365 manos
3meia5—esse banner lindão aí na barra lateral—é um projeto em que participam 365 blogueiros, cada um com um texto postado em data marcada pré-estabelecida e tudo mais. Basta enviar um e-mail para projeto3meia5@gmail.com e verificar a disponibilidade de datas. Acho que não tem mais vagas, mas dá pra entrar numa fila reserva boa. Meu texto é para 22 de outubro, o que terá acontecido até lá?
Google Reader, vasto Google Reader
Dessas redes, ferramentas e mídias sociais, sem dúvida a que utilizo com maior frequência é o Google Reader, este leitor de feeds RSS vinculado a uma lista de seus contatos que compartilham absurdos do R7, gif animados porn e memes notícias, links e imagens diversas. Você pode separar os feeds que assina em pastas por assunto ou interesse, como bem entender. Bem, como isso não é um tutorial, você pode ver como funciona através deste vídeo.
O fato é que eu acabei criando algumas regras particulares sobre os feeds que assino. Claro, tudo com um pouco de manias patológicas criatividade e algum bom senso:
- Se o site libera pelo feed apenas um resumo da notícia, eu não assino, com raras exceções (te amo Folha¹, amo vocês cartuns da New Yorker²).
- Se eu não costumo ler e apenas passo o olho pelos títulos, deixo de assinar o feed. É uma perda de tempo sem tamanho.
- Ao se tratar de sites especializados com o qual não tenho a menor relação, mas me interesso esporadicamente por seus subtemas genéricos, como astronomia, física ou política (shame on me), costumo seguir usuários que compartilhem só notícias interessantes relacionadas, o que me livra de ter que ler 14 artigos inteiros desinteressantes e encontrar apenas um parágrafo que valha a pena.
- Não acompanho feed de quase nenhum dos blogs que sigo através do Google Conect (o quadro de seguidores que está logo abaixo na barra lateral), com exceção dos amigos e de outros mais interessantes. Neste caso, o Connect serve apenas para incentivar o blog do fulano a se tornar algo utilizável um dia.
- Como estratégia para otimizar leitura, leio primeiro os itens compartilhados das pessoas que sigo, para só então partir para meus feeds. O que pode causar algum transtorno menor ao compartilhar duas vezes o mesmo artigo, mas é também uma forma de usar o cool hunting a seu favor.
- Em hipótese alguma uso a aba ‘Explore’, que indica feeds que você deve seguir e funciona como o Who to follow do Twitter (que indica o Tico Santa Cruz pra todo mundo e não precisa de mais explicações, certo?). Alguns feeds, ao assinar, deixam uma mensagem do tipo ‘você deveria seguir estes também’. Não caia nessa. Você vai querer tirar aqueles feeds da lista na semana seguinte.
- Só compartilho itens que realmente dou risada até chorar ou notícias com maior critério de apuração, sobre qualquer coisa que me interesse e que possa interessar a outro alguém.
São essas minhas manias estranhíssimas dicas.
So doente?
—
¹NOT
²Tem quem não ame esses cartuns?
Notas do ano novo em Mongaguá
Foram quatro horas até concluir a descida da serra, ver meu pai andando de bicicleta pela orla como um local e chegar em casa pra tomar algumas e dormir a tarde. Fui ler On the Road na areia da praia, enquanto a patuléia ia tomar banho e se preparar para os fogos. Pra enfeitar o clima, acabaram os suprimentos no hipermercado da cidade, assim como a energia, no primeiro dia do ano.
Meu pai comprou um vinho barato do Rio Grande do Sul e a única Sidra (nunca sei se é com ‘S’ ou com ‘C’, me corrijam) que sobrou no mercado, que tinha gosto de Bromil e foi, no mínimo, uma parada vintage pra lembrar da infância.
No último dia do ano, minha mãe assistia a novela na sala e eu, sempre antenado, solto ‘mãe, e essa novela aí não acaba nunca?’, ao que ela, com a sabedoria que só as senhoras podem ter, me responde:
—Olha, acho que sim, tá todo mundo casando!
Que orgulho esse final de ano com meus pais.
Alguns blockbusters #cinemaday
Só pra não perder, escrevo aqui sobre os filmes que assisti neste último final de semana pós natal e que renderam por todos os outros meses em que não assisti nada.
Meu malvado favorito, Despicable Me
Não gosto de animações, embora tenha de assistir quando a Denise aluga. Esta é uma daquelas em que o bem vence o mal, um filme que tomou muito cuidado para manter-se infantil, simples e agradável a todos os públicos. Meninas bonitinhas, um unicórnio de pelúcia e uma história pano de fundo completamente insana, mas bem legal se você é uma criança ou se você adora crianças, ou se você acha que roubar a lua e reduzir seu tamanho é algo aceitável para uma história de ficção. Um desenho bonito e bem humorado, para ver com os filhos, fica a dica para não soar muito rancoroso.
A Estrada, The Road
Outra dessas histórias apocalípticas, em que o mundo inteiro perece e sobram apenas boas pessoas (tomadas por protagonistas) e gangues de saqueadores canibais headbangers em super caminhonetes e armas pesadas (tomados por vilões). Numa das cenas, o personagem principal, que corre para o sul junto de seu filho e fugindo do encontros indesejados, mata um membro de uma gangue e consegue fugir. Quando estão a salvo, seu filho lhe pergunta: ‘ainda somos os homens bons?’. Acho que grande parte da mensagem que o filme quer passar se trata desta pergunta.
A Ressaca, Hot tub Time Machine
Não vale aqui discutir porque o filme The Hangover teve seu título traduzido como Se beber não case e Hot Tub Time Machine se chamou de A Ressaca. As histórias também são parecidas, ambas envolvem uma noitada e substâncias ilegais. Apesar disso, A Ressaca ganhou por ser uma comédia por demais absurda – se passa numa viagem do tempo para os anos 80 – como nos velhos tempos, com piadas sem graça que fazem você rolar no chão de rir (e chorar de rir ao rever o filme). Além disso tem um final empolgante, apesar de manter os personagens um pouco abandonados e sem força individual. Impróprio para nerds com teorias pré-fixadas sobre viagens no tempo.
Irmãos de Sangue, Leaves of Grass
Edward Norton é um renomado professor de filosofia numa faculdade, enquanto seu irmão gêmeo é um traficante que vive em sua cidade natal. Um excelente drama cujo único ponto negativo foi perder quase uma hora de enredo em uma tentativa de comédia que não acrescentou nada para o filme. Mesmo assim, inclui alguns diálogos sensacionais e um final que faz você se perguntar sobre a necessidade da cena em que uma aluna tranca a porta do professor e começa a arrancar a roupa. Deveria começar aos 58 minutos. 70% desnecessário, 30% épico, mas pra mim funcionou.
Vibe boa
E hoje, em edição especial, já que não consegui ligar nessa caralha de celular o vídeo abaixo é para o amigo/bróder/irmão Leo Pollisson, que faz aniversário hoje (e essa é a parte em que eu omito que pensava que a data era ontem, por um negócio de relógio biológico desregulado por dormir tarde demais no natal), com o Beach Boys tocando uma das músicas-tema de sua vida, em meandros (que palavra) de 1979:
Daí que eu lembro do último show do Beach Boys no Credicard Hall, que vimos de perto, uma vez que o lugar estava relativamente vazio. E lembro da Golden Era da empresa que ele ainda trabalha, quando saíamos pra fumar e pensar como seria quando ganhássemos na mega-sena da virada e pudéssemos comprar a empresa, criando cargos como supervisor de Guitar Hero, que teria uma entrevista supervisionada pelos sócios e TERIA de zerar o jogo pelo menos no hard. Coisas do tipo. E lembro tanta história pra dar risada, tanta depre que passou, tanta piada interna que só a gente riu.
O ano virou, mas as boas vibrações nunca param.
Jingle Bells Rock
Daí que passei o natal mais uma vez sozinho em casa. Não acho ruim, sério, acho até confortante ouvir a galera estourar morteiros no vão livre do condomínio, onde ficam as janelas dos banheiros. Por mim, ótimo.
Desliguei a TV, continuei lendo o livro, reclamando que a Denise bem podia ter virado o natal na casa dela, ao invés de ir para um aniversário, evitando todo esse desconforto. Depois me envergonhei por ainda ter passado no Extra, às 23h30, imaginando que estaria aberto e que o destino me receberia de braços abertos para comprar uma garrafa de conhaque.
Acabei em casa, escrevendo um texto medíocre, que outro dia posto, se houver necessidade. E depois, pra não perder completamente a madrugada, fui encontrar meus amigos sem imaginar como essa poderia se tornar a decisão mais desacertada que poderia ter tomado no aniversário do menino Jesus.
O primeiro deles, foi o tal do Kenan (Lembrem-se: não repitam o nome dele três vezes que ele aparece, onde quer que você esteja. Isso é muito sério). Ele falou de todos os tópicos de sua vida atual que achava interessante, incluindo um monólogo sobre homofobia e neo nazistas, traduções de Sartre e todo um tratado sobre como o meu espumante não tinha álcool algum. Cagou pra noite de natal e pro salvador de cá (a piada que ninguém entendeu é gratuita).
Consegui despistar o fulano lá pelas duas da manhã, quando encontrei novos amigos e alguns viciados, quase subindo pelas paredes em busca de uma lojinha para comprar entorpecentes. Entre os amigos, estava o Wolvs, recentemente incluído na minha lista de ex-addicts e que estava longe daquela vibe Trainspotting no feriado mais cristão do ano.
Foi então que fomos encontrar outros amigos no bairro vizinho. Outros amigos roqueiros com mais de 30 anos, apaixonados por tempos musicais, escalas diatonicas e Jetro Tull. Mas digamos que foi meio embaraçoso estar de canto, fumando um cigarro, enquanto seis marmanjos cantavam Highway Star do Purple como se suas vidas dependessem disso.
Consegui voltar pra casa ainda sem tomar uma cerveja devidamente gelada às 4h30, quando encontrei outros amigos mais próximos e pude, enfim, terminar o dia com o sol amanhecendo, na companhia de uma caixa de Brahmas, um biscoito doce e um amigo desacordado no banco de trás do carro, que xingou todos nós quando acordou.
Outra leitura
“Acho que ler um livro é importante para você não estar aqui nem agora. Para você não ser você por um tempo. Para você ser os outros e habitar outros lugares durante o tempo em que estiver lendo. E, quando você voltar ao aqui e ao agora, a você mesmo, voltará com os olhos muito mais aguçados (…) Fala-se muito que temos uma grande afeição ao caos, que o mundo é informe e que a arte daria forma às coisas. Na verdade, temos pânico do caos. Nós não conseguiríamos viver sem alguma ordem na nossa história. E o que a literatura faz é desordenar um pouco isso, mostrar outras maneiras de organizar nossa vida”.
Beatriz Bracher, escritora, em trecho citado na última coluna da Eliane Brum em 2010, pela revista Época.