Livros digitais e meu presente de natal

A questão dos livros digitais me deixa curioso, mas raciocine comigo: as pessoas vão aceitar comprar arquivos de livros digitais por 20 ou 30 mangos? Apesar de saber que é um modelo de negócio e os investidzzzzz… Sou descaradamente a favor da MP3zação do e-book.

Então minha fissura pelo e-book reader finalmente despertou quando encontrei o Reader Daily Edition da Sony. Ele não tem essa besteira do Kindle de ler apenas os arquivos vendidos pela Amazon e custa o preço de uma consciência tranquila, que convertidos a nossa moeda soa algo como 500 reais. Mas isso se você tiver um amigo que viaje para o exterior e traga. Isso se você comprar com a cotação do dólar de hoje. E isso se você aguentar a espera até ele ser lançado, porque só agora descobri que é pré-venda.

Tantos poréns e uma Santa EIfigênia tão perto de mim.

Um novo retorno

Após uma singela passagem pelos servidores inúteis do WordPress, este blog está de volta ao Blogger.

Neste meio tempo, dispensei uma oportunidade de emprego ótima simplesmente porque não ia dar pra pagar as dívidas (fuck), escrevi uma crítica sobre o reality show dos mineradores do Chile antes que o Observatório da Imprensa o fizesse (RÁ!). Terminei de ler o Um Grande Garoto, livro meio boring, mas que acaba sendo como um compêndio geral sobre as famílias desestruturadas dos últimos 20 anos. Guardei algumas idéias para o meu futuro que jamais devem ser colocadas em prática. O Itaú conseguiu me rejeitar uma ajuda básica (consegui de novo, amigos) e o Jack Ribs provou ser a pior merda em fast-food de shopping. Entre outras felicidades, o Meleca voltou e eu me declarei fã do Nilson César.

Obrigado pela vista. Agora sim, programação normal.

EU ESTOU ARREPIADO, QUARTAROLLO!

ou…

Não sei exatamente o que faz alguém tornar-se ídolo de uma personalidade qualquer. Também não tento explicar aqui o motivo que leva garotinhas pré-adolescentes e seus respectivos amigos andrógenos a tumultuarem a entrada da MTV pra ver um integrante do Restart passar para uma entrevista, deixando malucos os seguranças e meu único amigo que vive o sonho de qualquer garoto nos anos 90 trabalha lá.

Digo ‘tornar-se ídolo’ apenas sobre o conceito básico de admiração. Eu admiro muita gente, mas sou fã de poucas pessoas. É um degrau acima, acredito. Na minha base de preceitos para se tornar fã de alguém não é preciso ser íntegro, não é preciso ser correto. A maestria pura e simples me basta. Como bem explicou o amigo André Câmara:

  1. Andre Camara
    andremca Pra mim o conceito de arte é muito claro: eu conseguiria fazer igual? Não? Então é arte. 06 May 2010 from Echofon

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Aí entra o Nilson César. Ouço jogos de futebol pela rádio desde pequeno, no carro com meu pai ou em casa, quando a Globo decide passar jogos de outros times, o que é perfeitamente normal. Mas de uns tempos prá cá, não tenho conseguido ver os jogos na TV. Na Globo, o Cléber Machado deixa muitos espaços vazios na narração, quase como se estivesse sem graça de falar; Galvão Bueno salva a equipe (me processem!). Apesar de ter um contador de imbecilidades ditas por segundo, ele pelo menos tenta fazer bem seu trabalho. Na Band, Luciano do Valle e Silvio Luiz dão uma aula de como superar o Alzheimer esquecem e trocam nomes de jogadores à deriva e, se o Neto não corrigir, eles deixam exatamente como está. E qualquer um que seja corrigido pelo Neto não merece nossa atenção, certo?

Nilson César é narrador titular da Rádio Jovem Pan, onde trabalha desde 1982. Essa parte institucional eu encontrei em seu blog. Pra mim, Nilson César é o narrador que aparece na minha mente quando se diz a palavra ‘narrador’. Nilson César faz com que eu queira ser um daqueles tiozinhos que assistem TV com o radinho de pilhas do lado (ou com fones de ouvido. Como é que esses tiozinhos não pensaram nisso antes?).

Procurei uma forma de ouvir suas narrações via internet, mas não encontrei nada e encontrei as narrações dos gols de todas as rodadas e alguns poucos vídeos do youtube. O negócio é que cada jogo narrado por sua voz é uma obra de arte única e infelizmente passageira, pois tem seu fim quando encerrados os 90 minutos. Nunca soube o que responder quando me perguntavam se eu tinha algum ídolo. Aliás, soube: ‘meu pai’, ‘meu avô’, mas esses não valem, são minha história. Da próxima vez, vou bradar sem medo: ‘Sou fã incondicional de Nilson César’.


*pra validar o texto, o áudio acima é de um gol contra meu próprio time e não deixa de ser emocionante.

Itaú, nem parece banco

Daí que mudaram as datas de pagamento aqui no trabalho. Agora recebemos vales, pra não ficarmos sem grana o mês inteiro etc. E, claro, para os desorganizados como eu o negócio se tornou uma tempestade irreparável.

E fui em minha caríssima agência do Banco Itaú (linkei até o twitter para esses covardes do monitoramento web encontrarem rápido essa crítica), alterar datas de pagamento de um velho acordo.

Acho que tenho uma certa habilidade para escolher agências em que os gerentes são antipáticos e arrogantes no limite da falta de sensibilidade. (tem a ver também com a localização da agência e o pensamento que negros desajeitadamente fora de moda não devem ser tratados decentemente, mas isso é pra outro texto). A primeira resposta é, naturalmente: ‘não posso te ajudar, tenta ligar na central’. Ao contrário do que se pensa, eles só ajudam o cliente em último caso, antes de dar alguma merda jurídica.

E, bem… não, eles não podem alterar a data de vencimento sem fazer uma odisséia a respeito.

About a boy

Nesse final de semana terminei o segundo livro do Nick Hornby, ‘Um Grande Garoto’. Livro que, tal como Alta Fidelidade, virou filme retrato-de-uma-geração.

Confesso ter achado meio enfadonho todo aquele clima do sujeito vagabundo que não entendia a vida mesmo depois dos trinta – como se em alguma idade a gente pudesse compreender tudo -, mas o livro começa a embalar pela forma que a história é contada a partir de diversos pontos de vista. Do vagabundo trintão, do garoto que usa uma lógica ortodoxa para lidar com situações corriqueiras, de sua mãe depressivo-maníaca, até do Kurt Cobain em fase terminal.

Ao final de tudo, uma história simples de famílias desestruturadas e um personagem alheio a humanidade (ah, os valores contemporâneos!) se torna uma trajetória emocionante de confiança, respeito e aprendizado, escrita no melhor estilo que o Nick Hornby sabe fazer, ilustrando cenas com músicas, nomes de cantores e jogadores do Arsenal.

Tá tudo bem agora

É preciso dizer que minha família é sensacional.

Depois de dramatizar tudo o que tinha pra dramatizar em uma bebedeira ilimitada e embaraçosa (vide post anterior) eles entenderam que o grau de arrependimento em que eu estava na segunda-feira já me culpava demais.

Misantropia é a palavra

Certa vez um amigo da roda comentou que conseguiria telefones Nextel mais baratos, se pelo menos quatro de nós comprassem juntos.

O que seria maravilhoso, do ponto de vista dele, era que poderíamos chamar uns aos outros a qualquer momento do dia, onde quer que estivéssemos, com aquele beep tão pouco constrangedor.

Tudo isso por menos de 800 reais, sem mensalidade, até 2012. E com o fim do mundo e tal, não precisaríamos de um novo plano desses nunca mais. OK, a parte apocalíptica foi o que me passou na cabeça.

-A gente ia rir o dia inteiro, ô, ia ser da hora, fala aí – exclamava imperioso
-Mas, mano, eu poderia te ligar qualquer hora do dia que eu quisesse – digo, quebrando o clima

‘Se eu quisesse’ foi a frase final dita nas entrelinhas. Aí nego fica doído, ‘não, beleza, só achei que a gente ia poder conversar mais’ e me dá certa pena até mudarmos de assunto.

Bom senso, dude, bom senso.

Eu ia comentar esse causo no post do blog da Karina, mas acabou ficando grande demais. E não vou forçar a barra no comment box dela, certo?

A lógica das academias

Eu sou gordo, OK? ‘Obeso’ e ‘mórbido’, talvez sejam as palavras. Com anos de experiência adquirida, sei como lidar quando penso ‘po, agora até que daria pra fazer aquela academia tal’. Encho a cabeça com frases de estímulo e conforto, mesmo sabendo que a sensação acaba depois da primeira semana.

Se torna penoso ter de frequentar o lugar.

Foi então que desenvolvi essa lógica sobre academias. Academias além de lugares quentes, com aparelhos intimidadores e gente respigando suor na sua garrafa de água, são instituições burocráticas que visam lucro.

Tome como comparativo um hospital. Quando você aparece mal por lá, os médicos e enfermeiras querem que você saia feliz, são e recuperado de seu problema. As academias querem que você se matricule no plano anual. As academias querem que você gaste dinheiro que não tem garantindo resultados que você não vai conseguir. As academias querem mensalidades pagas ao final do mês. Nothing.else.matters.

Pode falar. Eu sei quando soa rancoroso da minha parte.

Na última academia que fiz, eu entrava às 22h20 e saía 00h10. Geralmente, o último a sair. E digo que não é agradável fazer abdominais com a recepcionista te olhando com aquela cara de ‘que droga esse gordo acha que vai conseguir, vamos embora, você vai desistir de qualquer jeito’.

Está aí outro ponto: Eles não acreditam em você. Eles perguntam sua disponibilidade, questionam sua alimentação. Burocracia. Eles não dão a mínima.

Nesta última academia que frequentei, eles se davam ao trabalho de ligar quando você faltava duas semanas. ‘Claro, Robson, eles queriam que você voltasse e quem sabe…’ BULLSHIT. Eles me ligavam para que eu não chegasse às vias de fato e desistisse, pois seria ruim para os negócios ter um aluno a menos.

Se eu pudesse, criaria academias com turmas. Como um curso de verão para os fisicamente inapropriados. Assim teriam chance os magricelas, os gordos, os terapêuticos. Os bombadinhos e as garotas que dão bola a eles também teriam sua turma super descolada aprontando altas aventuras. Cada um a seu modo, cada um no seu redondo.

O último trocadilho foi desnecessário, assumo.

[já pensei uma vez sobre a existência de uma sociedade secreta de donos de academias, em que eles decidem o que fazer com alunos, manipulam resultados de testes físicos, balanças e halteres. Não levei a idéia pra frente por motivos óbvios]