Mise en Scène

Daí que meu pai está internado no hospital do servidor público de SP. Mas agora está tudo mais tranquilo. Ele está num quarto, com uma cama, um rádio, jornais e uma TV. Prefiro escrever sobre estes assuntos depois que eles já se acalmaram para não soar tão rancoroso ou revoltado. Mas passou, certo. Perdi um dia de trabalho inesperado que pode custar minha estabilidade mental em outubro.

E talvez agora este blog volte definitivamente às suas atividades habituais.

Talvez.

Enquanto isso, no mundo em que vivemos

No começo da semana roubaram o carro do Rodrigo que, em suma, estava de madrugada, no meio do bairro, procurando os óculos que tinham caído atrás do banco. E, apesar de ter pedido ao ladrão para que pelo menos pudesse pegar os óculos, não teve o ‘direito’ concedido.

A polícia encontrou o carro horas depois, sem praticamente nada. Mas os ladrões acabaram fazendo essa gentileza de deixar os óculos intactos, no mesmo lugar onde estavam.

Ladrão com responsabilidade social. A gente vê por aqui.

Tem um disco…

Ontem passei no mercado e, numa dessas promoções malucas de livros esquecidos (uma vez achei um disco do Cachorro Grande por R$3,00 no Extra, anos antes deles estourarem), encontrei a radiografia do Marcelo D2 de 53,90 por incríveis e módicos 9,90. É uma história contada através da carreira musical do cara.

Pensando no assunto, porque radiografia e não biografia, entendi a proposta de contar a vida de alguém através das músicas que fez, escreveu e, porque não, ouviu. Faz mais sentido saber em que condições estava sua vida quando ele gravou Mantenha o Respeito ou o disco ao vivo, por exemplo, do que simplesmente saber que ele cresceu ouvindo samba, fumando nas ruas de Madureira, essas coisas.

E foi então que pensei como realmente cada época de nossas vidas tem um disco. Um disco que liberta, um disco que desamarra, vocês conseguem entender. Aquele que faz você raspar o cabelo de raiva, aquele que faz você chorar sempre no mesmo exato segundo, logo ali, depois do solo de guitarra.

Não vou entrar nos méritos de quem ouve vinil e cassete ou quem ouve MP3 pelo celular. E nego vem com “ah, mas na gravação original de Hey Jude dava pra ouvir a frase ‘pega o cavaquinho’, cara, sensacional”. Amigo, you doing it wrong. Sério, supere.

Bem, ia falando do meu disco. O meu, desde que me foi apresentado pela tríade esperança do meu antigo trabalho (os três amigos que cumpriam bem o trabalho de salvar o dia) é o Pet Sounds, do Beach Boys.

Foi a unanimidade insubstituível de 2009. Sim, porque esses discos de nossas vidas não serão trocados nunca. Mesmo que daqui a 30 anos eu não me lembre do meu nome, tenho certeza que vou me lembrar do teclado que abre Wouldn’t it be nice.

Inclusive, está tocando na minha mente agora.

Então, uma continha rápida, cinco outros discos que mais ouvi em 2010 porque eu não estou em condições mentais de terminar esse texto de maneira decente:

  • Wilco, Summerteeth (1999)
  • Statik Selektah, 100 Proof: The Hangover (2010)
  • Brendan Benson, My Old, Familiar Friend (2009)
  • Jets to Brazil, Orange Rhyming Dictionary (1998)
  • Rashid, Hora de Acordar (2010)

Forte abs.

123 Cassetes

Genial a idéia das pequenas listas (ou mixtapes?) do tumblr 123 cassetes. Criado pelo Ian Black traz listas como aquelas do livro/filme Alta Fidelidade, de Nick Hornby. A que mais escutei até então chama-se “Songs about girls with compound names”, com Paul MCCartney, Gin Blossoms e The Long Blondes. Promissor.

Aversão à entrevistas

Antes eu achava que, sei lá, não tinha terminado direito o curso de jornalismo por conta do meu TCC galhofa em 2006, que apelidei como o ano que não existiu. Um dia eu conto melhor os porquês.

Sempre guardei todos meus escritos, meu textos do último ano, com anotações sobre anotações, hierarquias esquisitas, esqueletos de um bom livro que nunca exisitu, um calhamaço que hoje se situa dentro de uma mala de viagem, em casa. Um dia eu tiro uma foto.

Mas aí, passada a paranóia, vi que não era exatamente isso. E lembrei de toda vez que tento uma entrevista com alguém, envio um e-mail agradável perguntando se fulano gostaria de ser entrevistado para o site, o blog, o zine.

Sempre, a repúdia.

Nego não consegue dizer: “porra, velho, até que teu zine é maneiro, mas não sei muito o que dizer numa entrevista, saca? Acho que vai ficar meio piegas e tudo, e tal. Nego prefere o silêncio.

E se tem uma coisa que eu não sei fazer é responder e-mail cobrando uma resposta decente. Talvez seja esse o princípio moral do jornalismo: Encher o saco até que o entrevistado responda tudo puto da vida. Um dia eu consigo.

Meu negócio com as redes sociais falidas

No fotolog, ainda posto umas fotos, escrevo umas babaquices, nada construtivo, só respostas de mim mesmo para coisas que ninguém quer saber (mas não é esse o lema da web 2.0?). Como disse dia desses, o lugar virou a cracolândia digital da cena musical independente. Bandas omissas, gente despreparada quase implorando pra que você acesse o myspace deles e aperte o play.

E então, o Myspace. Mais parecido com um parque de diversões abandonado, como bem retratou o Saturday Night Live, o site peca na falta de estrutura, mudanças repentinas sem aviso, desinteresse pelo usuário. Tenho duas bandas e um perfil pessoal lá, mas, por conta disso tudo, acesso semestralmente as três de uma vez, limpo as mensagens só volto no ano seguinte.

Pra fechar a tríade, Orkut. Sinônimo de depressão. Apesar do layout bonito – agora facebookeado – me ocorre invariavelmente a sensação de todos viverem a vida dos seus sonhos, com todas as fotos de baladas, festas à fantasia e viagens pra argentina.

E, no final, me enjoa saber da vida igual de tanta gente.

Meu amigo troll #001

Esse cara precisa de uma seção especial neste blog.

Robson: mas mano, casar é muita grana. O casamento do Alan foi 50 mil fucking reais

Leandro: Ah, pq ele casou sofisticado…

Robson: Sou mais sair de casa tranquilo, estabilizar pagando uma casa e depois juntar grana pra casar

Leandro: COM 12 MIL CASA

Robson: é, verdade. 12 mil?

Leandro: NUM PRECISA SER IGREJA

Robson: a festa vai ser na quadra da escola pública perto da sua casa?

Leandro: Imbecil. faz tudo junto, casamento e festa no mesmo luigar. Não precisa ser em igreja, casa em sítio

Robson: o do alan foi em sitio

Leandro: mas o alan tem fimose

Robson: AHHAHAHAHAHAHH

Leandro: caras com fimose pagam mais caro mesmo

Robson: HAHAHAHHAHAHA

Leandro: pq vc num junta logo com sua mina então?

Robson: não tenho dinheiro. Ela tem, eu não

Leandro: mas vc ganha quanto? TA FAZENDO AS CONTAS DE QUANTO VC GANHA?

Robson: Claro, eu sei. Só que 95% do salário é pra dívidas

Leandro: putz! Ah, mano fica tranquilo vc sabe que as coisas pioram sempre, com certeza vc vai se foder pra sempre, tá na roça! Mas é isso aí, cabeça erguida olhar sincero… vou embora depois dessas palavras de incentivo

Robson: AHAHHAAH muito obrigado amg, abs

O’rly?

Eu: Então, cara, preciso das imagens daquele colchão de camping pra colocar no site, pode falar com o fornecedor?

Maluco: Claro.

Eu: blz!

Maluco: Mandei um e-mail pra ele e coloquei você em cópia. Aí quando ele receber, você recebe também.

gtalk, you bastard!

Daí que ontem, pós-expediente, um desencontro com a Denise quase nos fez ficar malucos. Três pedágios pagos, idas e voltas na Rod. Castello Branco e algumas dores de cabeça depois, vale a explicação:

29/07/2010, 12:27, Leonardo Pollisson escreveu:

Agora tudo calmo, me explica o seguinte: WHERE THE FUCK WAS SHE??
Cara na boa, perder a Sandra que tem 1.70m é uma coisa. Perder a Dê, com quase 1.80m é foda…rs

29/07/2010, 13:33, Robson Assis – eu, BTW – escrevi:

ahhaha, mano, foi o seguinte.

no gtalk, ela disse que ia sair 7 horas e ia pro mercado do lado do trabalho dela. Aí, depois de umas brincadeiras (na tpm nunca dá pra saber se ela tá falando sério ou não) começou a falar bullshit, tal, que não precisava ir buscar ela. Eu cortei e falei “pára que eu vou aí, só me avisa a hora que vc sair pra eu ter uma noção de quanto tempo posso demorar aqui”. E depois, offline. Não falou nada, nem avisou. Aí, passa uma hora. Eu, caralho, onde tá essa mina? Liguei no cel, nada. Fui no mercado, dei uma volta e uma olhada na praça de alimentação, nada. Fui na casa dela, nada.

E então, da casa dela, quando soube que ela não estava, liguei pra vc. Desespero monstro.

Voltei pra Alphaville, ela só podia estar no mercado ou no trabalho. Fui primeiro no mercado. Andei.todos.os.corredores. Nada.

Desci, encontro ela na praça de alimentação, de canto, cara de emburrada, sem me cumprimentar, nem falar comigo. Porque, claro, no fim de um desencontro desse naipe, a culpa é sempre do cara. Chegamos na casa dela, primeiras palavras, mó discussão à toa e descobri que ela tinha me avisado pelo gtalk, mas eu não recebi a mensagem.

Moral da história: não deixe o Google Talk influenciar seu relacionamento.

[vou postar isso]