de mongagua pra angra

Tem dias que o tempo parece olhar pra gente com uma fosse extra de carinho. Ver meus mais novos melhores amigos juntos e brindando a vida em Angra dos Reis numa casa de cinema @casaamarelaportogalo foi o maior presente desse ano até aqui. Uma comemoração gigantesca pra celebrar amizades que a vida fez questão de me entregar no momento certo, cada um com seu jeito, sua história, seu olhar diferente pra vida etc.

Os sorrisos destes dias todos parecia despejar um turbilhão de sentimentos que a gente nem se dava conta, mas que estavam ali pulsando no ar que a gente respirava junto, na cerveja que a gente brindava e na energia que vinha da mata.

Todos sabemos, a vida é breve. Um dia, meus amigos, se tudo mudar e os caminhos já não fizerem mais sentido, se a distância separar o que o universo construiu pra gente, eu vou lembrar destes dias, destes sorrisos, abraços e de cada momento especial que passamos juntos.

Estes são sim pra sempre.

meus lados

Eu escondo meu cigarro na mesma gaveta
Em que guardo meu remédio para a pressão
O esforço pela vida, o fascínio pela morte
E a cada corte a gente brinca de se reinventar
Dizer que vai dar certo que o caminho é um só
E que o café vai ficar barato de novo
Mesmo com tanto pique, tanto sonho, tanta solidão
Parece que 5% de cashback vai aliviar meu coração.

Meus lados são um uníssono grito de socorro
Gritam um ao outro como se não se notassem irmãos
O terror no olhar da ignorância em se autoconhecer
Chega dar pena desse nosso tentar viciado
Eu acordo e ao meu lado mais um livro que nem quero ler.

brincando de voar

Hoje eu vi uma menina na praia.

Criança pequena, antes do mundo chegar em suas lembranças, antes de tudo o que ela ainda vai conhecer de ruim que existe nessa terra dar o tom da desgraça.

A despeito de sua pobreza, de suas roupas encardidas, ela brincava.

Segurava uma sacola de mercado na mão como se fosse uma fita listrada do pano mais caro do reino. Andava dançando rumo ao abismo do futuro, rodando a fita na borda infinita do vento.

Ela brincava.

Sua família, sentada no chão algumas ruas atrás, conversava baixo e fazia artesanato, tentando chamar atenção para qualquer coisa que as pessoas passando pudessem querer comprar.

A menina não se contentava com a rua e queria a praia, o vento, o mar.

E então corria.

Seu rosto trazia um sorriso maior que qualquer outro ao redor, daqueles que iluminam dias febris.

A menina cantarolava algo que vinha de sua alma, do fundo do peito, de suas mais profundas sensações.

Uma das cenas mais lindas que pude ver. Em questão de segundos, ela passava por mim, nem ligando pra quem quer que fosse na rua.

Correndo ela brincava de voar.

só espero

tem hora que eu só espero
minha hora chegar
de aparecer prum mundo
e já nem sei se ele me quer tanto assim

eu fujo dos brilhos, das luzes
prece que busco para encolher
ser visto e esquecido
me parece um karma e um preço a se pagar

daí eu danço em pensamento
eu quebro a mesa do bar, xingo os vizinhos
quando tudo for pros ares
vão dizer que esse era meu caminho

trouxa de mim olhar o mundo
e imaginar um lugar só meu
com o nome num jornal
“ele nem era assim tão ruim, afinal”

o que vai me restar aqui
quantos sonhos ainda verei ruir
as respostas ficam pra quando
a gente não tiver mais sinal

Disorder unleashed

Faz tempo.

As coisas não têm andado exatamente como queria aos 33. Mais crises existenciais do que de costume e menos pensamentos alegres, como de costume.

Você olha pro país que você vive e descobre que tá tudo no modo chaos ad. A gente é um oriente médio que não aparece no New York Times. Aqui tem guerra todo dia, mas é pobre matando pobre e gente rica fazendo conchavo, assumindo cargo de modo suspeito, mala de dinheiro, gente tomando champagne e falando que quem fode o empreendedor no Brasil é o empregado, pobre batendo palma, enfim, geral cagando fortemente no que serão os livros de história sobre o começo do século XXI. E desse lado eu, que quero que eles se fodam como eles querem que eu me foda.

É mútuo.

Acontece que, né, sem trampo. Fui valentão pra sair da agência, fui surpreendentemente maduro pra me tornar uber driver por dois meses e suficientemente infantil pra não me planejar e acabar faltando dinheiro no terceiro mês.

Daí aquele negócio. Caindo nas lorotas de Linkedin posts pedindo e-mail pra abastecer uma base de leads na pilantragem vaga, videozinho motivacional com uma propaganda japonesa de sabe-se lá quando, textos pré-prontos de uma leva de desempregados que preferem o uso do termo “buscando recolocação profissional” que não ilustra, nem de longe, o que é ficar sem grana pro icegurt em 2018.

Fui chamado pra quatro entrevistas, uma delas por Skype. As pessoas amaram meu currículo, amaram as empresas que já trabalhei, minha experiência “nossa, mas vc já fez de tudo né, que ótimo” e toda essa empolgação ia até o momento de ver que o candidato era o gordo com olheiras com fala anasalada e meio prolixo quando tenta explicar aquele estágio de 2005.

Já fui em entrevistas demais pra saber quando eu realmente não tenho a experiência pra vaga e quando a pessoa procura apenas um candidato branco hétero padrão europeu que se encaixe nos moldes da empresa. Aquela treta da Yasmin acontece com todo mundo, a não ser que você seja branco e cheio de si.

Então estou tentando sobreviver, novamente.

A banda acabou ano passado, claro que não falei, isso aqui tá mais largado que os últimos roteiros do Porta dos Fundos. Portanto sim, estou sem projetos, apenas compondo em casa. Descobri que essa é a única forma de não se frustrar com pessoas dentro de uma banda e sigo assim. Talvez refaça um homestudiozinho leve. O que talvez não refaça: bandas.

Meu coração anda com o mesmo sentimento de abandono de sempre, calejando porque é sempre um pacote de microssuperações em cada relacionamento (e, em especial, porque a gente não aprende nunca a superar merda nenhuma, não é mesmo?).

Portanto foi este um resumo do meu começo de ano, ou seja, tava ruim, tava bom, mas parece que piorou.

“Eu vendo puta”

Estou arquitetando um texto sobre minhas primeiras impressões como uber driver, mas como são muitas, estou lotando o keep e assim que tiver tempo para formular este texto eu coloco aqui. Por enquanto, apenas uma história real.
Eu tenho costumado acordar muito cedo para ir dirigir em pinheiros no começo da manhã. Acabei aprendendo que trânsito mesmo a gente pega daqui até lá, porque lá as ruas tão mais tranquilas e, enfim, deve se viver melhor etc.
Fiz umas 4 viagens quando caí no aeroporto e fui chamado até moema. Cheguei na rua colada ao shopping Ibirapuera quando um rapaz acenou e um tiozão bêbado o cumprimentou.
Obviamente o passageiro era o tiozão bêbado.
Comecei a viagem meio consternado, porque ele viria pro taboão, ou seja, eu estaria de volta pra perto de casa antes das 8h da manhã.
Nesse ínterim, tiozão, com a sua garrafa de skol retornável na mão, aproveitou pra deixar claro que eu sou gordo com frases como “quer uma cerveja? e um lanche? um hambúrguer?”, “acho que não cabe nós dois no carro hein” gargalhando meio descontroladamente depois de cada frase.
E então o monólogo do tiozão passou a girar em torno de:

– Ele conhecer todas as ruas de Moema, Brooklyn e região;

– Ele não pagar pau pra “coxinha” nrm pra bandido;

– Ele conhecer o Daniel da lotação;

– Ele chegar em casa todo dia bêbado depois de tomar uma garrafa de whisky old parr ou buchanan’s;

– Ele estar com dois revólveres .40 numa mochila velha da adidas;

– Ele trabalhar na noite há 23 anos vendendo puta.

Vamos excluir aqui o trecho dos revólveres, que eu realmente não quis muito entender, ou explanar, muito pela minha segurança também.

Mas como assim vender puta, tio?

Não obtive uma resposta concreta, uma vez que tiozão mal conseguia formar palavras inteiras. Só entendi que ele não trabalha com puteiros pequenos “isso aí é lixo”, mas ouvi ele falar lovestory em algum momento. Ouvi ele dizer que vai pegar folga e vai “no Swing com as menina pra comer as mulher dos troxa” fazendo uma cara de ¯\_(ツ)_/¯.
Acho que já disse isso, mas vale frisar: isso tudo aconteceu antes das 8 horas da manhã.
Exatamente.

Tá falando sério que esse texto é sobre o Tiago Iorc?

Eu consigo entender grande parte do que vejo nas redes sociais. Algumas coisas de um jeito mais natural como as indiretinhas-todo-mundo-sabe-pra-quem-você-tá-falando-velho-guarda-pra-você, outras que precisam de alguma reflexão política mais profunda (por cima do muro mesmo, só pra tentar entender vocês, de coração, quem sabe um dia eu consiga melhor).

O que, definitivamente, não posso entender é a seletividade do ódio musical. De onde vem, do que se alimenta, como pode fazer fácil a cabeça de tanta gente.

No meu Facebook tem gente que odeia Matanza, gente que odeia Worst, gente que odeia o Projota, o Sambô, Lulu Santos, o Los Hermanos, o Funk em geral, até o Raça Negra entrou na roda esses dias.

SÉRIO, O RAÇA NEGRA!

Daí calhou de passar o fim de semana na praia com meus pais. E aconteceu também de não ter internet (vai saber quando vou lembrar de postar esse texto), embora role uma tv a cabo com o ao vivo do Tiago Iorc no Multishow, cantor esse que figura nessa listinha de top 5 odiados da timeline.

– Pera. Você escreveu um manifesto a favor dos sapatênis e agora vai defender o Tiago Iorc?

– Isso. Bem, mais ou menos.

– A mão da Roleta do unfollow chega coça hein?

– Fechou. Amei te ver.

– MANO.

Sendo bem sincero, eu tentei ouvir Tiago Iorc uma vez quando Mariri me contou sobre. Me soou alegre demais pra um cara no violão. E a gente gosta de coisa densa, poética, conceitual, pesadona. A gente é demais, mano. Como assim o cara tá feliz cantando? Nunca ouviu Nick Drake, truta? Things behind the sun, irmão! Nunca ouviu o Grace? Te falta Mojo. Senta e reescreve. Para com isso aí.

Aí me identifiquei com o som do violão, primeiro porque não consegui ler a marca (acho que vou me decepcionar se procurar no google e descobrir que ele mandou escrever “Iorc” no lugar). Depois porque ele usa as notas abertas que eu curto tanto usar em tudo do We hit concrete, embora com aquela batida Jorge Vercilica que não me agrada muito, na real.

Em meia hora de show deu pra entender o cara. Toda essa mistura de pós ator da malhação com memes underground lado B do tipo “troco likes” ou “era sol que me faltava” e letras que parecem ter sido cooptadas diretamente daquele blog que parecia do Juca Kfouri, mas só falava de amor, são a receita pra que uma geração mais atual de adolescentes tenha um novo Fiuk.

Trocando em miúdos: era a brecha que o sistema queria.

Talvez eu tenha chegado a uma idade na qual odiar esse tipo de artista é algo que não tenho mais tempo pra fazer. Afinal, o cara canta suas músicas de amor com notas abertas e simplonas com o violão, lota a Fundição Progresso de meninas ensandecidas por ele, ganha placa de platina no final do show (existe até uma plaquinha nova de 100 milhões de views no YouTube).

Ao que ele se predispôs a fazer, está fazendo muito bem e alcançando uma carreira pop brilhante (tocou até Anitta, se meu ouvido não me engana).

Toda essa seletividade me faz pensar que não precisamos de mais uma grande guerra: nossos egos estão tretando todos os dias, criando barreiras em nós mesmos, nas coisas que acreditamos.

Sem a gente perceber, enchemos o mundo de trincheiras, de aversão ao que é diferente, ao que não é da gente. Nosso pequeno universo fica cada vez mais retraído e cheio desse pessoal que cruza os braços durante o show sem movimentar o corpo uma só vez no processo. Essa gente que não ri em exposições de grandes galerias de arte, que se faz de profunda e sábia, mas no fim das contas só quer um check-in e já tá pensando se escolhe Mostarda e Mel ou Chipottle de molho no Subway.

E, note, em quase nenhum momento desse texto eu disse que gostei do som (na verdade em nenhum momento, te poupo de voltar pra reler). Porque é OK não gostar de algumas coisas também. Você só não pode se esquecer que existem outras vidas ali. Um cara que senta e escreve suas músicas. Que encanta uma casa de shows entupida, que vive 24 horas isso. Uma menina que saiu de casa, comprou uma faixa e colocou na cabeça, cantando “amei te ver” como se estivesse a sós com o ídolo. É a cabeça dela que você tá tentando confundir. Tenho péssimas notícias: você vai continuar tentando. Porque semana que vem ela vai em outro show, dessa vez com um cartaz. Quem sabe com uma camiseta do fã-clube. E você vai estar choramingando na sua timeline sobre como o cara é horrível.

Esse ódio irrefreável contra alguns alvos da música me faz pensar que é a gente que cria toda essa distância entre nós mesmos. Tenha críticas ao que você talvez não goste muito. É saudável e você não vai estar ofendendo ninguém, se souber escolher bem as palavras. Se não tiver muito bem de escolher, se encolhe, vai ouvir teu sonzão-conceito no quarto e sai da internet mano, para de fazer da sua vida uma distribuidora de bad trip com traços de papelão.

Meu coração tem respostas erradas pra todas as frases certas

Não precisa sofrer. Não precisa chorar. Você precisa se animar. A vida tem muito mais que isso. Olha pra frente e segue a onda. Levanta e sacode a poeira. Vai passar. Não deixa a tristeza te dominar. Vai na fé. Pare de pensar nisso. Não entrega sua felicidade nas mãos de ninguém. Ame a você mesmo antes de tentar amar alguém. Ela vai sair da sua cabeça. Fica tranquilo. Você vai superar.Tenta encontrar uma saída. Tenta ver um lado positivo. Você não pode se abalar tanto. Você precisa sair dessa cama. Você não pode descontar tudo isso em você mesmo. Se não tiver saída você vai ter que encontrar uma. Como assim você tá nessa ainda. Você anda carregado demais. Você precisa parar de pensar as coisas desse jeito fatalista. Para de ser dramático e segue sua vida.

Vai passar.

Vai passa

Vai pass

Vai pas

Vai pa

Vai p

Vai

Va

V
.

Admitir a realidade

“Estamos prontos pra partir de novo os nossos corações. Não vai ser a primeira vez, nem a última.”

Lidar com o término de um relacionamento é, pra mim, o fato da vida que mais me fez mal nos últimos 15 anos. Ter que repensar a vida inteira e deixar de conviver com alguém que fez parte da sua vida de um jeito tão intenso.

Em todos eles, eu disse algo parecido com: “eu sei quem sou quando estou sozinho e definitivamente não gosto muito dessa pessoa”. Sozinho eu sou meu pior inimigo, especialmente no caso de ter sido deixado pra trás (tem muito a ver com receber de volta do universo o que você deposita nele, mas esse é um assunto que me proíbo de falar, apenas por ser fatalista e dramático demais para essa fase).

Estou nesse momento de novo, justamente quando eu achei que isso fosse parar. Ouvir sua mãe te dizer que essa fase da vida é difícil mesmo é ver uma faca atravessando as ideias.

Não me entenda errado. Não estou dizendo “Deus perdoe essas pessoas ruins”. Quero mais é que vivam suas histórias, que conheçam novas pessoas (ou velhas pessoas – estamos de olho). É que, ao mesmo tempo, eu quero provar pra essas pessoas que eu era a pessoa errada pra elas. É aí que procuro tomar as piores decisões, os piores porres, as piores festas e jeitos de se encarar a coisa.

Da última vez que isso aconteceu eu achei que nunca mais pudesse amar alguém de verdade. A gente sempre pensa isso. No começo deste último relacionamento eu tinha o pé atrás e não soube lidar com alguém me dando presentes, comemorando datas e essas coisas. O tempo passou pra me mostrar que valia a pena. E eu estava realmente voltando a ser uma pessoa que acredita nisso.

Quer fazer Deus rir, conte seus planos.

Esse está sendo pior que os outros de certa forma, porque eu realmente acreditava estar com alguém que me faria ser parte de alguma coisa grande, como montar uma família, comprar uma casa, ter filhos etc.

É mais assustador quando alguém que você acha uma excelente pessoa acaba te deixando pra trás.

Tem também o fato de que consigo falar sobre isso para três pessoas na minha vida, sendo que uma delas não ouve nada além de seua próprios problemas. Então eu tenho esse blog que é onde deposito tudo o que quero, afinal de contas eu não pago a hostgator à toa e meus amigos não são obrigados.

As únicas vezes que eu realmente disse as coisas que queria foram mandando mensagens pra ela. Num tom claro de humilhação da qual eu já não faço nenhuma questão de não exibir publicamente (nunca tive orgulho o suficiente mesmo, não seria agora).

Foi quando eu percebi a pessoa que eu estava sendo pra ela. As mensagens carregadas de sentimento, frustração e ansiedade me faziam bem de certa forma. Eu me sentia aliviado dizendo todas aquelas coisas que no fundo não ajudariam em nada a situação, só despejariam mais uma tonelada de sentimentos ruins em toda a história. Me fazia bem porque eu estava tirando aquilo da minha cabeça e fazendo com que ela carregasse metade de tudo aquilo junto comigo. Não estava sendo justo, no fundo estava a um passo de ser um ex namorado detestável e perseguidor.

Foi ontem.

Eu decidi parar de escrever pra ela, custe o que minha mente tiver de pagar por isso. Nenhuma conversa vai me animar tanto a ponto de esquecer tudo o que aconteceu, mas eu preciso passar por isso sozinho.

Tem ajudado a contagem dos dias que estou fazendo no instagram. Todo dia alguma coisa é linda, magnífica e simples o suficiente pra me fazer refletir como estou, onde estou e o que anda acontecendo na minha vida. Não é uma corrente, nem um meme, nem um desafio. Sou eu contando os dias de um ano que vai custar a passar.

Pra quem sabe poder me libertar de toda essa sensação estranha de dividir a casa com um pesadelo morando no quarto ao lado.

Lar

A vida em fevereiro de 2017 é a seguinte: a) uma perna fraturada e com gesso que vai me fazer ficar em casa mais umas duas semanas assim pelo menos muito mais tempo do que eu imaginei, de acordo com a notícia que acabo de receber b) aparentemente solteiro na fase olhar-whatsapp-a-cada-dois-minutos-esperando-mensagens-sobre-o-assunto (e quase desistindo mesmo), c) preocupado com a fatura do cartão de crédito d) freelando em um projeto de social media com vários clientes legais e) num apartamento novo com o qual eu me sinto realmente em casa (finalmente).

*

Este post é sobre o último tópico da lista, porque bem, os outros eu acabo falando vez ou outra de qualquer maneira.

2016 foi um ano tão maluco que fiz duas mudanças. A última delas rolou uma multa pesada, mas que acabou valendo cada centavo. Depois de sair do Butantã, fui para uma kitnet (kitschnet? quitinete? jamais saberemos) no campo limpo, numa espécie de condomínio de casas (na minha época chamavam de cortiço também). A diferença é que esse tinha bem cara de condomínio mesmo, com faxina, uns pseudo-classe-média e Carlão, um zelador que mais parecia um gangster.

Acabei mudando também para o Campo Limpo, mas num apartamento bem mais legal (possivelmente o mais legal que já morei), com janelas grandes, mais espaço pros gatos, num condomínio com vizinhos excelentes, porteiros amigáveis e tudo mais.

Tenho uma espécie de estúdiozinho-laboratório-casa-de-máquinas pra gravar minhas músicas daqui e mandar pros amigos, o que tenho feito quase que exclusivamente o dia todo, com exceção da parte em que fico me culpando e enchendo mais ainda minha cabeça de neuroses.

A fase não está boa, na verdade meu momento está esfacelando as esperanças que eu achei que estava reconstruindo em todos os sentidos da vida. Mas estou num lugar que me acolhe cada dia um pouco mais e que leva toda essa dor de cabeça pra fora todos os dias, como sacos de lixo.

Eu acabo falando desse assunto meio que invariavelmente né, uma merda, eu sei.