Polêmico/Constrangedor


Queria que todos os meus amigos vissem isso e pudessem desconsiderar automaticamente qualquer coisa que eu disser depois de ter começado a diversificar as bebidas. Se eu estiver confortável e absolutamente disposto, vou lançar um tema polêmico/desnecessário e antes que você perceba vamos estar todos em um silêncio constrangedor que não há como voltar atrás.

Talvez eu diga que não estou feliz e que gostaria de marcar um churrasco no outro dia para compartilhar melhor todos esses problemas. No dia seguinte vou lembrar de ter levantado todas essas bolas sem resposta/motivo, mas nunca de ter cogitado um churrasco. É tão sem sentido como ligar uma daquelas máquinas que atiram bolas de tênis apenas por um prazer inconsciente de espalhar as bolas pela quadra.

Ontem, em particular, meu estado dizia mais sobre essas coisas que a gente passa a vida toda achando errado e não há nada que nos faça mudar de idéia, mesmo tendo de conviver ao lado disso tudo. É, no fundo talvez não dê pra entender. É preciso dizer a si mesmo que vai ficar tudo bem, uma hora ou outra, mesmo que seja pra nos enganar. Ninguém sabe o que veio fazer neste mundo, então nada pode dar errado. É bom jogar com umas teorias desse estilo também, só pra não perder o foco, ou a fé, dependendo da sua orientação.

Outro dia, comentei no blog da Karina que, às vezes, tenho essa visão otimista da vida em que tudo sempre dá certo. E que até as coisas mais complicadas se rearranjam, mesmo com nossos erros e nossas más escolhas. Pode demorar mais pra recalcular o trajeto, dependendo da porcaria em que você se enfiou, mas uma hora tudo vai começar a mostrar motivos para ter acontecido.

Enquanto isso vou colocando lenha molhada na fogueira, só por esporte.

A namorada do meu irmão

De noite meu irmão apareceu em casa com a namorada. E eu refleti sobre como as coisas vão comigo. Só por exercício de reflexão mesmo. Eu e a Denise sabemos o quanto as coisas materiais caminham difíceis, não o sentimento. Nunca o sentimento. é como se tivéssemos um seguro sobre nosso relacionamento. Tudo pode ruir sobre nossas cabeças, o sentimento permanecerá intocado e rendendo.

E de manhã a namorada do meu irmão foi embora. Ele acordou e conversamos amenidades até um amigo comum aparecer em casa pra que ele pudesse decidir que era hora de comentar o assunto. E conversamos outras coisas, músicas, coisa de irmão. Ele pediu pra deixar uma música rolando. Eu passei pelas pastas e não encontrei nada que nos aproximasse. Achei nas minhas músicas uma banda chamada Jets to Brazil, mas não escolhi, ele não devia gostar.

De noite, nosso amigo comum ainda estava em casa compartilhando bebidas, conversas e séries. Ele reapareceu com a namorada. Uma boa garota. Ela perguntou se eu tinha alguma coisa do Pearl Jam. É realmente uma pena que as bandas de sucesso da minha época nunca tenham sido sucesso pra mim.

Fui levar nosso amigo comum para casa. Meu irmão e a namorada foram deitar. Quando cheguei, vi que eles deixaram meu laptop ligado, com o disco mais bonito do Jets to Brazil rolando. E eu estou sozinho, refletindo que talvez eu e meu irmão tenhamos mais coisas em comum do que consigo imaginar.


Jets to Brazil, Further North

Wrong Way

Eu sempre procuro aquela curva errada que fiz na estrada. Aquele ponto em que eu virei e as coisas começaram a descarrilhar junto do meu raciocínio. A fração de segundo em que eu escolhi essa realidade e não uma outra em que estou voltando pra minha casa com um sorriso no rosto e esperança renovada para o dia seguinte, aquela luz, aquela respiração mais leve.

Aconteceu um acidente próximo ao escritório da Aldeia da Serra e eu passava uma semana lá ajudando um pessoal a entender um processo novo do trabalho, pra resumir. E então subi a serra pra almoçar. No meio do caminho havia um acidente meio frio, pra rimar com a sexta-feira de nove graus. Quando voltei, haviam bloqueado a pista e tive que fazer um caminho tortuoso, de terra, até chegar à rodovia. Descer uma serra pela montanha, sem asfalto, nem sinalização. Lindo de se ver.

E eu desci atrás de um carro que, aparentemente, sabia o caminho. não, eu não conhecia o ser humano que dirigia o carro, apenas seguia. E quando ele desviou da estrada principal, algo me disse para continuar por onde os carros vinham, de onde era o lugar que eu deveria ir, mas eu entrei e continuei seguindo o outro carro, meio devagar, pensando direito se era mesmo por ali.

Nos próximos 200 metros que segui em frente, imaginei que ele houvesse sumido e acelerado demais, corri, não alcancei nada. Nos 300 metros seguintes, fui olhando pelo retrovisor pra ver se alguém aparecia, nos últimos 100 metros eu procurava um lugar que me deixasse fazer o retorno.

Quando voltei, percebi que o carro que eu estava seguindo havia parado numa oficina, ali, pouco depois de eu tê-lo perdido de vista. Voltei pra estrada de terra principal, passei por um cachorro e tenho certeza de tê-lo visto balançar a cabeça com desdém.

Se eu pudesse descrever essa fase da minha vida, eu diria que estou naqueles 600 metros que me separavam do caminho certo, das atitudes que deveria tomar e do raciocínio mais certo pra mim. Estou perdido e ainda assim imagino que existe alguém lá na frente que poderia me ajudar, então preciso correr pra alcançar, mas talvez, como nessa história, nada disso resolva.

A vida não dá certezas e isso dificulta tudo. Não é como se houvesse alguém dizendo o tempo todo quando você erra ou quando você acerta. No Top Gear, um antigo jogo de corrida, quando você rodopiava pela tela e seguia pelo caminho contrário, aparecia algo como ‘WRONG WAY’, piscando sem parar na tela. E quando você acertava o carro na direção que ele devia seguir, o jogo apenas continuava. Meu palpite é o de que a gente passa a vida toda esperando a mensagem de ‘WRONG WAY’ do Top Gear.


Warren Haynes, Indian Sunset (Elton John)

No more Hawaii Five-0

O amigo André Maleronka me parece um grande fã de The Wire. Eu, com a primeira temporada quase enferrujando em casa, estava sem vontade de assistir e quase deletava antes de levantar a bola uma Twitter se alguém havia visto, perguntando, basicamente, se a tal série não se passava de outro CSI, porque essa bolha de séries policiais parece não enxergar limites.

Então ele me disse pra ver que era sensacional, mas só me convenceu mesmo depois de mandar essa entrevista da revista Vice com David Simon, o criador da série.

E abaixo, a parte mais sensacional, embora desse pra quotar a entrevista toda:

Me parece que as pessoas querem ser especiais, únicas, e o lance shakespeariano discursa isso.
Isso! Vamos celebrar a mim e a maravilha que sou. Não é sobre a sociedade. Os gregos, especialmente os atenienses, eram consumidos por questões sobre o homem e o estado. Eles deram cicuta para Sócrates porque as sua ideias eram antiéticas em relação às noções deles de estado. Olha, isso, de qualquer maneira, é totalitarismo mas para ele, ele era cínico em relação à democracia e um iconoclasta em relação aos princípios democráticos. Isso atingiu o âmago do pensamento grego. Foi algo do tipo, “Não mexa com isso”. Agora, o que foi exaltado e o que consome o entretenimento norte-americano é o indivíduo sendo maior do que a instituição. Quantas vezes iremos assistir a uma história onde alguém…

Se rebela contrariando as expectativas?
“Você não pode fazer aquilo.” “Sim, eu posso.” “Não, você não pode.” “Eu vou te mostrar.” E no final ele é reconhecido só como um rebelde de bom coração com a justiça ao seu lado, e eventualmente a cidade percebe que dançar não é tão ruim. Eu posso inventar milhões deles. Essa é a história que queremos que seja contada sem parar, e sabe por quê? Porque em nossos corações o que nós sabemos sobre o século XXI é que a cada dia vamos valer cada vez menos, não mais e mais.

Valer menos enquanto povo, você quer dizer?
Enquanto seres humanos. Alguns de nós vai ganhar mais dinheiro e valerá mais. Existem pessoas destinadas à celebridade, riqueza ou poder, mas o norte-americano comum, a pessoa comum no mundo, no planeta Terra, vale cada vez menos. Esse é o triunfo do capital, e aí que está o problema. Você olha para isso e pensa a que ponto chegamos, e é para lá que estamos indo, e é tipo, “Pode me contar outra história de ninar sobre como as pessoas são especiais e como cada um de nós é importante? Você pode me contar uma merda dessas?”

Análise de mídias sociais, 2007

Lembro que, numa entrevista desencanada numa dessas empresas que você vai conhecer imaginando o que passa na cabeça das pessoas quando te vêem entrar de calça larga e camisa básica, eu entrava numa sala pequena, parecida com aquelas redações antigas de filmes, cheias de calhamaços de papel, mesas decoradas com fotos de crianças e provavelmente alguma pistola ilegal escondida numa gaveta trancada entre antidepressivos e cartas do Serasa amassadas.

O lugar era legal, mas eu pensava ‘conhvenhamos, amigo, olha pro cara que veio de terno riscado e pasta na mão duelar uma vaga com você nessa assessoria, não viaja’, outro daqueles pensamentos desnecessários em que a gente se põe pra baixo e exalta qualquer fulano sem atentar pra besteira em vários níveis que é ir de terno numa entrevista (Alô, amigo Xuxa, se um dia ler isso, essa é pra você!).

E aí que a moça com marcas de expressão que só 20 anos de carreira em relações públicas podem oferecer decidiu nos colocar lado a lado e discursava algo sobre sermos recentes formandos de universidades pagas quando começou a perguntar onde tínhamos estudado, o que estávamos lendo (na época eu sempre respondia ‘O gato preto e outras histórias’, com um desinteresse padrão para entrevistas, sim, podem me julgar). A pergunta principal era sobre quais sites a gente passava mais tempo na internet. Imaginei que fosse uma dessas pegadinhas. Uma dessas que você não precisa responder. Coisa invasiva. Tive de responder Twitter, Orkut e uns blogs e pensei ‘ohh, come on, GTFO!’ tentando acreditar que o carinha do terno realmente acessava o eBay com frequência.

Em seguida, uma prova. Cinco questões sobre assessoria de imprensa, cinco sobre CONHECIMENTOS EM INTERNET (Ahh, 2007, essa semana de 22 das mídias sociais). Daí que, respondi três perguntas de assessoria do mesmo jeito que enrolei a professora de psicologia por um ano inteiro. Você escreve o suficiente pra ela achar que você sabe o resto da resposta sem precisar ler, taí, revelado o segredo. E só fiz o que realmente sabia, a parte sobre internet respondendo perguntas genéricas sobre o futuro das redes sociais. ¬¬

Terminamos juntos, praticamente, eu e o Mr. Pink, o Godfella barato. Ela pediu que eu descesse para o hall que depois me chamaria. De volta à confortável poltrona, já ciente que não teria chances, só percebi que havia algo errado quando pensei em pegar a IstoÉ Dinheiro pra dar uma folheada. Não, eu não devia estar ali, nunca gostei do trabalho de assessoria de imprensa, embora saiba respeitar quem tem culhão suficiente pra puxar o saco de clientes 24/7. E então levantei, dei três passos, saí do tapete, quando ela desceu se despedindo do cara do terno.

E eu, com aquela feição de ‘OK, vamos terminar logo com isso’ não mudei de expressão quando ela pediu pra conversar no sofá da recepção (a rima aqui não foi intencional). Por onde iríamos começar? Talvez dizendo que eu não era o perfil da empresa? Quem sabe mostrando os pontos positivos do cara do terno e as respostas erradas que dei na prova. Tudo desnecessário, ok, vou prestar atenção em você:

– hm.. vamos lá, você nunca trabalhou com assessoria mesmo, né? – Pois é, não… – tentei emendar mas… – Sua prova, é, eu percebi.
– É, eu nunca me interessei muito, acho que por causa de ter que tratar com clientes e eu prefiro… – ao que ela me interrompe (essa Norma é a versão real da personagem da novela, sério)
– Mas sua prova de internet, cara! – ela batia na folha com a intensidade que um nóia bateria um saquinho cheio de cápsulas de cocaína
– er.. sério?
– Sim, não precisávamos de um guru de assessoria, mas sim de um cara que entenda esses nichos, essas redes, como usar as ferramentas, um cara dessa galera.
– er… bom, eu poderia até dizer que… – a pompa começava a dar sinais
– 350 (isso, trezentos e cinquenta) reais por mês.
– OK, segunda-feira estou aí.

Writer’s block? Chama o síndico

Fim do Fantástico, todo mundo havia ido dormir. Na clara tranquilidade do domingo à noite, no prólogo da madrugada, eu ouço os carros bem longe, penso num post pro blog e a idéia não vem de jeito nenhum. É quase meia noite e eu vergonhosamente fechando os editores de texto (porque sinto informar, mas amassar papéis e jogar num cesto de lixo superlotado é uma imagem ultrapassada e inverossímil de um escritor, forte abs).

Daí o Caio chega aqui no copndomínio e faz um barulho infernal ouvindo um pagode qualquer no carro. Geral dá aquela acordada de leve e volta a dormir se perguntando quem é esse maluco, xingando baixo até embalar novamente no sono mais curto da semana.

Passam.3.minutos. Eu fazia uma listinha de músicas no notebook, um desses memes do Facebook que a gente faz mas não tem coragem de postar. Com o som da TV no mute, ouvia minha lista quando o síndico começa uma gritaria (só se ouve a voz dele) no hall principal do prédio: ‘Quem vocês pensam que são?’, ‘pessoal vai trabalhar amanhã’, ‘todo mundo dormindo’, ‘é multa, vou multar’, ‘tira a mão de mim que eu não sou moleque’, frases corriqueiras nesse tipo de situação.

Quando acontece uma parada dessas, cada apartamento se transforma numa área VIP do nosso Teatro homemade, cuja peça em cartaz é sempre uma preciosidade. Dessa vez era o síndico, o Caio e sua família, alguns amigos, uma voz que dizia ‘sai daí Caio’ vinda de qualquer lugar do céu (Deus? Quem sabe não desse um bom roteiro) e o cara que cantarolava numa janela escura ‘umnovezeeero, to ligando, uuuu-uuu, uuuumnooovezeeero’, quase uma vuvuzela em forma de gente.

Ele fazia parte de uma platéia admirável. Sério, admirável. Porque nego não consegue somente assistir da janela, a interatividade está em alta, tão aí as redes sociais que não me deixam mentir (oiq?). Os atentos espectadores começaram a surgir em vultos nas janelas sob os gritos de ‘multa mesmo!’ e ‘parabéns ao nosso síndico’ seguidos de palmas lancinantes para o convívio social.

Eu só aguardava sair um tiro, ou qualquer coisa assim, os gritos eram histéricos e estavam numa crescente. Mas isso durou até ouvir a voz do Caio e do Nando, quando percebi que era só o síndico levando suas frustrações madrugada adentro para a casa de todo esse público lindo. A briga acabou do mesmo jeito que começou, sem sentido. De um segundo para o outro as vozes cessaram, é como se o dono do teatro tivesse desligado os microfones alegando que a locação do espaço era só até 00h30.

Mas pelo menos eu consegui meu post. Um abraço a todos os envolvidos.

Call me Suzy

Não sei nem por onde começar. Talvez se eu tivesse respondido que sou só um redator que sabe o básico de linguagem HTML e tableless, só teria piorado as coisas, criado uns hard feelings na conversa ‘e aí, você está capacitado para fazer isso ou é difícil demais pra você?’. Mas eu também coloco dois ‘só’ na mesma sentença sem pensar em variáveis, sério, qual o meu problema?

Sabe aquela vergonha pública que você mais teme por estar num lugar em que todas as pessoas parecem saber mais do que você sobre seu próprio trabalho? Não chega a ser um pesadelo, mas o clima mantém aquela tensão de quando será que eles vão te humilhar publicamente. Não considero o jeito certo me perguntar no meio de todas as pessoas do trabalho se eu estou apto a fazer um trabalho pelo qual não fui contratado, o que é de menos, comparado ao fato de que eu não faço idéia de por onde começar. No caminho de volta à minha mesa pensei numa infinita sorte de respostas que poderia ter dito, mas que só agravariam a situação, como o exemplo que dei no acima.

Como disse, voltei para a mesa, restaurei a aba do programa, segurei a respiração por dois segundos e soltei meneando a cabeça, como quem se perguntasse o que diabos estaria fazendo ali tentando restaurar o Dreamweaver e editando textos simples e bobos, enchendo de tags, fazendo tudo que de melhor você pode como um redator, como alguém cuja função principal é escrever (não que a gente só trabalhe exatamente com aquilo pelo qual somos contratados, eu também sei disso). E foi então que comecei a cogitar o sintoma da perseguição quando vi os outros computadores e percebi gente no Facebook, mostrando os virais do dia, trocando fotos não seguras pra ver no trabalho pelo MSN.

Eu devia ter notado antes. E deveria dar exemplos mais claros aqui, mas bem, o que interessa é o desabafo. Eu tinha a melhor chefe que eu poderia ter tido (que ainda é minha chefe, o que torna tudo isso ainda mais difícil de explicar), que me avisou sobre o ninho de cobras ao qual eu poderia me enfiar antes que qualquer coisa acontecesse, que me avisou sobre tudo o que estava acontecendo com a sabedoria de quem gosta de você de verdade, de quem te quer longe de enrascadas, esse tipo de coisas.

Talvez o bando de fulanos, como eu mesmo fiz neste texto, esteja se perguntando o que eu estou fazendo ali. Eu aprendo algo novo todos os dias, eu começo a entender como peças são produzidas desde o início, desde a idéia inicial, como eles ‘startam’, diria o Jofa. Que eu não sou suficientemente bom para esse trabalho já tentaram demonstrar a todos, não num mural de metas, mas em cada pequeno ‘ah, se você não sabe então tudo bem, senta lá’. Vamos assim até descobrirem que podem contratar quatro caras pra cuidar dos links patrocinados e deixar de lado isso aí que você faz nas páginas de produto’.

Enquanto isso eu trabalho com os números, com as metas e com a qualidade e sei que já não vale a pena raciocinar aqui se eu devo ou não me posicionar quanto a isso como fiz nos happy hours com a Chiba e o Guto naquele boteco do Jaguaré. Para a melhor chefe que já tive quero somente dar a certeza de orgulho, de crescimento pessoal, como eu daria a minha família. Quero fazer o certo e ir pelos caminhos certos, porque você pode ser menino o quanto for, mas você faz 27 anos sabendo ao menos as pessoas que realmente querem seu bem. Mas para eles, que meu trabalho represente apenas uma coleção de conhecimento que eu possa adquirir e que de quebra pague minhas contas no final do mês até quando puder ser assim. E que eu consiga fazer o melhor que eu puder, demosntrar amor, como as putas. Porque a gente consegue restaurar tudo, mas a dignidade tende a ficar bloqueada na barra de tarefas.

***

Desculpem a vibe da amargura. Sabe quando seu computador fica no caminho de todas as pessoas e elas vêem você usando a internet, comentam entre si e te jogam um trabalho do qual você não faz a menor idéia de como fazer, mas no pensamento deles você pode tentar, já que não está fazendo nada? Bem, foi relativamente isso que aconteceu.

Pensando no superlativo

A primeira vez que fui trabalhar numa empresa, estava com frio na barriga sobre o que deveria dizer, ou me portar, os sorrisos certos, conhecer pessoas, manter alguns laços iniciais de amizade para serem lembrados depois com alguma ternura. E fui trabalhar. Lembro que tive de ler um manual de vendas de sei lá, 350 páginas, cheio de ilustrações e com textos corridos muito bobos. Terminei antes do almoço e tive que reler. Terminei às três horas e depois repassei todos os pontos até o horário de ir embora.

Cheguei em casa bem feliz, meus pais me receberam com alegria, eu contei meu dia, falei sobre as pessoas, sobre como a gerente parecia rica, mas também parecia uma pessoa muito simples. Jantei e fui dormir. O primeiro pensamento do dia seguinte foi: “caramba, não tinha pensado que seria todo dia”.

***

Marquei mentalmente São Bernardo do Campo como a cidade do Subway. Não sei se foi alguma sorte do meu caminho, mas em meia hora dentro da cidade eu vi dois Subways de rua e uma placa gigante sobre outro.

Peguei um freela itinerante de final de semana que se resume em digitar contratos imobiliários com atenção naqueles stands de venda com apartamentos decorados. Essa é a parte que eles avisaram durante o treinamento. Não disseram sobre uma pequena sala cheia de gente rindo alto, sobre trabalhar em meia baia com sinal de rede oscilante, numa cadeira de plástico dessas de boteco, mas principalmente, não falaram sobre o gordinho espaçoso que sentaria ao meu lado com um arsenal de piadas batidas sobre o Rogério Ceni que ele repetia em voz alta para cada um que entrava. Calcule.

Dá pra levar, é de vez em quando e rola um pagamento honesto. Era isso ou montar uma lojinha online aqui no blog (nota mental 1: a idéia não foi de todo descartada) pra vender meus CDs, DVDs e artigos inutilizados do armário (nota mental 2: não os livros, nunca os livros).

Eu queria poder dizer que foi legal estar trabalhando no sábado, afinal, eu procurava uma parada exatamente como essa pra recobrar a ordem financeira da minha conta bancária. Mas a gente sempre acaba achando um jeito de pensar na vida de um jeito superlativo que acaba ferrando tudo. Quero dizer que, estamos ali trabalhando amarradões, quando entre um contrato e outro eu penso que não me via aos 27 anos de idade tendo que fazer um bico desse pra que as coisas pudessem voltar ao normal. As coisas já eram normais, fui eu que deixei elas se esculhambarem ladeira abaixo. Mesmo assim eu descobri que não consigo lidar muito bem com o fato de ter outra obrigação da qual dependo dessa forma.

Claro que é exagerar um pouco as coisas, mas é como pensei outro dia, enquanto esperava a marmita esquentar e vi alguns amigos voltando do restaurante. De todos os futuros que previ, em nenhum deles estava ainda estar morando com meus pais e tendo que me esforçar tanto pra terminar de pagar um carro; nem que eu estaria feliz com a possibilidade de escrever textos de 7000 caracteres por R$ 30,00 (é, eu já desisti da idéia), nem que fosse esperar a marmita esquentar enquanto lia alguma coisa na cozinha.

Um trabalho pode ser algo que você adore fazer, mas nem sempre vai ser assim. E digo que se amanhã você não está muito afim, isso quer dizer que você não adora seu trabalho tanto assim, certo? Você pode não reclamar das suas tarefas e correr pra que tudo dê certo no final do dia, mas nada disso caracteriza adoração. E talvez por isso nunca estaremos satisfeitos com nada do que vier. Mesmo um alto salário, uma dose exagerada de independência ou uma cartela de bons benefícios podem te fazer olhar à sua volta e pensar sua vida no superlativo.

Ocultar postagens na página inicial do Blogger

Pode-se considerar este mais um tutorial destes pra ganhar estatísticas.

Você quer criar uma categoria no seu blogger em que os posts não apareçam na página inicial, certo? Pra não misturar assuntos, ou enfim, por um motivo qualquer que você encontre pra isso. Lembrando sempre que eu não sou um expert nessa merda e só descobri essa forma fuçando blogs, comentários e fóruns do Google. É um hack, uma gambiarra que funcionou pra mim e, caso funcione pra você, espero que seja bem feliz.

Segue os passos:

1º Siga os passos deste tutorial do iceBreaker, trocando apenas a parte do código gigante por este abaixo (inclusive trocando onde se diz ‘MARCADOR’):

<b:if cond=’data:blog.url == data:blog.homepageUrl’>
<b:if cond=’data:post.labels’>
<b:loop values=’data:post.labels’ var=’label’>
<b:if cond=’data:label.name == “MARCADOR”‘>
<b:if cond=’data:post.dateHeader’>
<h2 class=’date-header’><data:post.dateHeader/></h2>
</b:if>
<b:include data=’post’ name=’post’/>
<b:if cond=’data:blog.pageType == “item”‘>
<b:include data=’post’ name=’comments’/>
</b:if>
</b:if>
</b:loop>
</b:if>
<b:else/>
<b:if cond=’data:post.dateHeader’>
<h2 class=’date-header’><data:post.dateHeader/></h2>
</b:if>
<b:include data=’post’ name=’post’/>
<b:if cond=’data:blog.pageType == “item”‘>
<b:include data=’post’ name=’comments’/>
</b:if>
</b:if>

Feito?

2º Essa é a parte da gambiarra. Concluído o passo acima, todos os seus posts vão desaparecer do blog. Então você precisa de um novo marcador para todos os posts que vão aparecer na página inicial. É fácil:

2.1 Vá em editar comentários, insira o marcador (que vc criou) em um dos posts
2.2 Selecione todos os posts, lembrando sempre de selecionar TODOS (!) os posts (você entendeu)

2.3 Em “Ações de marcador” selecione a nova tag que criou.

Pronto, seu blog voltou ao normal.

Agora, pra criar o menu suspenso, bonitinho, é só seguir as instruções desse tutorial do André Felipe. Você pode ainda estilizar seu menu usando esse post da Bloggersphera.

A partir de então, todos os posts que você quer que apareçam na home, você vai ter que utilizar o novo marcador. E para os outros menus, os marcadores que criar. É isso.

Passar bem.