Walking Dead, tudo na rede

Walking Dead é uma série com zumbis. Isso me bastou para passar o último mês completamente maluco por cada notícia e cada cena das gravações, novos trailers, o de sempre. Até quando o episódio vazou* na rede, assisti sem legendas, numa qualidade terrível. Porque, inacreditavelmente, eu não tenho vergonha desse tipo de atitude de adolescente fã de Crepúsculo.

O primeiro episódio, dizem, é melhor do que a HQ. Não posso comparar, uma vez que só li a primeira edição da revista, que não conta todo o piloto, mas boa parte dele. O que posso dizer é que o seriado começa com uma variação de cenas nojentas, corpos mutilados e um elenco de zumbis e outros personagens menos caricatos do que em Zombieland, por exemplo.

Apesar de tudo, a Fox conseguiu cortar uns pedaços da série. E não digo ‘pedaços’ sem necessidade, que resumiriam a história, por motivos comerciais e bullshits. Estou falando de trechos importantes, que dariam outro contexto à história. É como não pagar o dublador do Homer Simpson na hora que o público mais precisa dele. Como teste, assista os dois (primeiro a versão web e depois a versão da Fox) e preste atenção no cavalo. Você vai entender.

E, bem, para me culpar completamente pelo copyleft da obra, você pode ler no WalkingDead.com.br toda a série de HQs.

*’vazou’ neste contexto significa viralizar por trás das cortinas, pra parecer um simples engano de logística. Conspirações, amigos, conspirações.

Interpretações

Essa noite tive um pesadelo com uma aranha. Desculpem, só depois de ter escrito é que a frase soou assim, awful. A verdade é que sempre tive essa parada com aranhas-monstro. Assim que conseguir minha coleção do Freud, vou tentar me explicar – e explicar a vida de todos vocês, por conseguinte.

Encontrei umas explicações sem fundamento nesses dicionários de sonhos que prefiro não compartilhar porque não acredito nisso – alguém acredita?

Mas tenho certeza que foi por dormir ao lado do meu exemplar de O Gato Preto e outras histórias, do Edgar Alan Poe. Não tem outra explicação.

Ou tem?

Crescer

Estranho demais crescer. Sério, fica a dica para o filho que ainda não tenho, como naquele tumblr. Crescer demanda programação, empenho, determinação. Honrar compromissos, criar dívidas desenecessárias, se desesperar por situações que você jamais imaginou, ser tratado como ‘sr.’ por um cara mais velho do que você, em um banco, por exemplo. Sempre tenho vontade de responder que essa cordialidade não é necessária, mas tenho medo de soar mais repugnante ainda.

Sem contar os casamentos, chás de bebê, festas de despedida, open houses, visitas, dois beijos, três beijos, abraço desconfortável, a falta de conversa, cada coisa. É preciso saber onde se meter, onde rir. É quando você começa a perceber que os padrões, nossas conversas e situações são tão pouco verdadeiras que mais parecem uma ficção tola, que perde pra qualquer novela das oito em termos de tédio. Ou vai me dizer que se você estivesse assistindo sua vida como um seriado de TV acharia ela realmente interessante?

Ainda falando ao meu filho não-nascido, aproveite seus amigos o máixmo que puder, esteja sempre ao lado de quem você ama, não dê muita atenção a gente que só reclama de tudo – com exceção de seu pai, claro. Você poderia encontrar essas dicas nas prateleiras de auto-ajuda que eu espero que você jamais frequente (e espero também, do fundo do meu coração, que você um dia leia aquele livro do Will Ferguson e nunca acredite nesses autores que têm respostas pra tudo).

And you’ll be where you want to be…


Wilco, When you wake up feelings old

Look who’s back

É de se dizer que jamais nos veríamos novamente. Estudante da GV, moleque bom, hippie de coração. Sempre o encontrava de passagem pela livraria em que eu trabalhava, uns 6 anos atrás. Meleca é parte do que eu queria ser quando crescer – ainda que seja mais novo do que eu -: Pegar uma bicicleta e viajar o Brasil, a América do Sul, vivendo de meus próprios êxitos, do ‘lucro’ de badulaques confeccionados em clips e rolhas de garrafa pet, ou coisa que valesse.

Certo dia, pegou sua bicicleta e saiu. Passaram-se anos com poucas notícias suas. Desaparecido? Não, na verdade, talvez estivesse encontrando a si mesmo. Foi ‘quando ele saiu pra vida’, concluiu o Wolvs. O moleque da zona sul desapegado das regras invisíveis criadas sobre a base de nossa sociedade pegou a bicileta e viajou o Brasil inteiro vendendo artigos hippies. Ganhou uma comunidade no orkut, pra você não pensar que conto aqui uma história de ficção, uma fantasia sem base na realidade.

Voltou dia desses e já podemos encontrar a estrela do Meleca nos bares e lugares comuns do Campo Limpo e Capão Redondo, com sua garota do Amazonas e certamente mais histórias pra contar do que poderemos ter durante uma vida inteira.

Quando encontrá-lo, certamente vou perguntar timidamente sobre a viagem, sem querer um parecer ou uma resenha a respeito, porque talvez um ano inteiro de conversa não dariam conta de ouvir e conhecer cada lugar por onde passou, cada pessoa que conheceu e cada sensação que a liberdade e o desprendimento lhe proporcionaram.

Meleca está de volta e fiquei realmente feliz por saber.

O Texas, definitivamente, não é aqui

Escolhemos o domingo a noite para pegar um filme no shopping Villa-Lobos. Porém, os horários avançavam demais madrugada adentro pra ver uma comédia romântica ou um filme que dava pra esperar em DVD.

Decidimos jantar lá.

O shopping porta uma praça de alimentação respeitável, sem dúvida. Sempre me deixa escolhendo por horas e tal. E então, pra não escolher o Burger King rotineiro, decidi pelo Jack Ribs.

Ao chegar no balcão e pegar o cardápio, as atendentes pararam as piadas internas e contiveram os risinhos na medida do possível. Eu não sou um cara excessivamente chato. Sei quando preciso ser respeitado e sei quando não dar a mínima. E aquele era um momento ‘não dar a mínima’.

Pedi meu sanduíche com fritas, sentei esperando minha senha. Quando chegou, o lanche tinha a parte de baixo encharcada pelo molho barbecue (I hope so). O pão estava duro, amanhecido e recém retirando do microondas.

O hamburguer de picanha era lindo, sério, mas fora feito de maneira tão porca que estava cru por dentro e parecia chiclete de carne. As batatas eram claramente velhas e requentadas. Pelo menos com o refrigerante estava tudo certo.

Apesar da crítica positiva no blog Eu Comi – pedi exatamente o mesmo combo relatado no post do Guilherme, com exceção da Coca-cola ao invés de Fanta – tive uma primeira impressão tão terrível do serviço prestado pelo Jack Ribs que dificilmente voltarei lá.

Da próxima vez é Whooper, sem inventar.

Mudanças e idéias pro caderno

Daí que mudar pro WordPress sempre me traz algumas lembranças terríveis dos meus antigos blogs com layout perfeito e sem nada pra dizer.

Acho que a proposta muda, quando comecei este blog era mesmo pra escrever aforismos e guardar posts como recordações de uma época que ainda estou vivendo. O que me livra de surrar a criatividade atrás de títulos carismáticos para os mecanismos de pesquisa, ou de checar o Analytics como um viciado.

Continuo com a idéia de criar aquele portal de blogs de amigos – virtuais, claro, uma vez que 98% dos amigos físicos não tem blogs -, mas sempre me perco pensando na equação abaixo:

Valor da hospedagem + Parcela atrasada do carro + Convites + Criar o Layout = não vai acontecer

Outra idéia que falei pra Chiba dia desses é montar uma empresa de bom senso na internet. Partindo do princípio que alguns empresários, artistas e modelos de negócio do tipo lojinha de bijouterias ou assessoria de imprensa não entendem nada de como utilizar a internet a seu favor, minha idéia é criar algo com um slogan do tipo: você sabe que precisa de presença na internet, mas não faz idéia? Ligue!

A última é simples, um podcast sobre influências com meu amigo Jefferson. Entrevistar grafiteiros, políticos, blogueiros e donas de casa anônimas na mesma vibe, pra saber o que eles estão ouvindo, lendo e assistindo. Discussão cultural amadora, conversas beirando o ridículo e toda a galhofa de sempre. Formato quinzenal, de uma hora. A prioridade número um: não copiar a abertura do nerdcast.

Claro que são idéias para morrerem lindamente ilustradas e estruturadas apenas no meu sketchbook.

Resgatem-nos!

Deslumbrante (NOT) o evento que a mídia nacional fez sobre o resgate dos mineradores chilenos na noite de ontem. Eu tentava assistir pela primeira vez o programa A Liga, na Band, que parecia ter uma linha Gonzo interessante, trazia o Rafinha Bastos sem fazer piadas e tratava de sem-tetos em São Paulo.

Terminei de ver o programa, embora tenha sido interrompido sumariamente por uma garota do plantão trazendo imagens ao vivo do salvamento dos novos heróis nacionais no Chile.

Impressiona que eles tenham ficado debaixo da terra por tanto tempo, mas acredito que o conceito de heroísmo tenha perdido completamente o sentido e venha sendo usado sob a guisa irresponsável de chocar o público. Ora, se sobreviver em condições adversas faz de você um herói, a humanidade está num incrível inflação de supermans.

Outro fator decepcionante foi o declínio do provável setor de tecnologia novas mídias que não soube transportar pela TV uma imagem transmitida pela internet. Quem assistiu os plantões da Record News e Band viu a inacreditável cena de um monitor sendo filmado por uma câmera sem tripé que tremia compulsivamente.

Não posso dizer exatamente se as imagens foram feitas pelas emissoras nacionais ou retransmitidas de alguma emissora chilena, mas não restam dúvidas que foi uma ocasião lastimável para o jornalismo de TV.

Oportunidades

Esses dias recebi de uma amiga de twitter um convite para trabalhar com mídias sociais, agência de publicidade, monitoramento web, esse tipo de coisa que me manteria mais tranquilo e sem planilhas de produtividade.

Mandei meu currículo e conversamos através de DMs, foi quando soube que o salário era, sei lá, 200 reais mais baixo que o meu atual. E eu, (covarde, como diria o Guto) desisti.

Acho que nunca me arrependi tanto quanto às minhas escolhas depois de velho. É de se pensar que eu iria analisar a parada, fazer minhas contas e dar um feedback. E não só agradecer dizendo que não ia rolar.

Sigo aqui, lutando contra doenças mentais que vão aparecer invariavelmente entre uma coluna ou outra do excel.

Devia ter ouvido o Lion:

SWU, quem curte?

Fui no sábado, óbvio, junto com a multidão de guerrilheiros fake ver o Rage Against the Machine.

As aberturas não poderiam ter sido melhores: Infectious Grooves, que só no dia fiquei sabendo que era a banda do vocalista do Suicidal Tendencies; E duas outras que queria ver faz um bom tempo: Omar Rodriguez Lopez e seu, no mínimo, curioso The Mars Volta e o reunion do Los Hermanos que, agora posso concluir, tem os fãs mais declaradamente insuportáveis do universo.

Mas o Rage Against the Machine, mesmo com os cortes de som, as oscilações no volume e a galera desesperada se debatendo inacreditavelmente, mesmo tendo me perdido de todo o pessoal das duas vans (!), acabei no meio de uma galera que curtia tanto o show que não liguei muito para todo o resto. Sorri como um garotinho em Bombtrack e Wake Up, lembrei de todos os meus amigos da escola tentando tocar no violão o baixo de Freedom, entre outras milhares de boas vibrações.

Desde o tocar do alarme que indicava o início do show e a estrela vermelha que dava o tom de rebelião local, eu mal pude acreditar que estava ali. Não foi o show de maior qualidade que já vi na vida por culpa do evento – e, possivelmente, da mesa de som trazida pela banda -, mas sem dúvida o show mais nostálgico, com o melhor set, a banda mais entregue e disposta a fazer os fãs enlouquecerem que já pude presenciar.

Claro que não podia faltar os revolucionários de merda usando qualquer local como banheiro – inclusive as reentrâncias e brechas entre um ou outro banheiro químico -, quebrando grades da área vip, esse tipo de ‘guerrilha’.

O SWU em si foi um pesadelo pra muita gente. Não é difícil encontrar por aí nego falando mal. Também, não é pra menos: filas de trânsito na saída, banheiros emporcalhados já na primeira noite (percebeu que tenho um problema quanto a isso?), mas o fato que achei realmente absurdo foi num ambiente sustentável em que alguns passariam três dias, você não poder entrar com qualquer alimento ou bebida – barraram minha água. Se a idéia do evento foi trazer consciência ecológica ou qualquer coisa desse tipo, a organização deve ter enfiado a cara na terra depois de tantas falhas.