Que fase, amigos

Daí uma mulher me manda um SMS DO.NADA:

ola meu anjo kd vc ta td bem ? vc muito especial que deus te tudo de bom em dobro estamos bem graças a deus bom fique na paz deus te abençoi muito bjs!!

Não sou eu, presumo.

Ela repete a mensagem outras três vezes durante a semana. Não tenho créditos, mal uso esse celular, mas gente ainda me liga nele, so… Tive de deixar a coitada mandar mais mensagens até reparar que estava enviando pra pessoa errada. E então, nova mensagem:

ops . descupe flor foi uma mensagem errada pra vc eu acho: meu cel tá doido = rsrsrs

Pensei poucas vezes sobre o assunto, mas, com esta mensagem, cancelei da mente, manja? E aí, no outro dia…

Amiga que felicidade que [presente] de [coração].

Nesta mensagem, as palavras presente e coração eram emoticons, que eu não imaginava poder enviar via SMS, mas, acredite, é possível. A orkutização chegando a lugares nunca antes imaginados. Brasil, um país para todos.

E ela tá frenética. Já fiquei sabendo que alguém engravidou: o amiga to muhto feliz pois agora vou ser tia, agora que meu marido vai alugar esta casa para nns bjs. Ah, e outra coisa: cah o odair vai na quarta vc quer alguma coisa nao fq. com vergonha so tua amiga ok bjs.

Que vibe.

A metalinguagem nos sonhos

Faltavam 4 minutos pra final da Copa do mundo. Eu, numa ressaca como nunca antes na história desse país, deitado na cama, com a cabeça pesando demais pra levantar e pegar o controle remoto. Pego no sono.

[sonho 1, relativamente sinistro]

Estou com a Denise andando pelo metrô Conceição, sentido Jabaquara, perto daquele prédio do Itaú. Decidimos parar numa cantina italiana, que estávamos combinando na semana passada.

Entramos, aquele clima Achiropita, tiazinhas cozinhando massas naquelas panelas gigantes, tudo bonito.

Chega o garçom e, antes de pedirmos qualquer coisa, ele vem com uma feijoada. A gente tenta retrucar, ele diz que vai pegar os molhos apimentados.

Eu e a Denise nos entreolhamos:

Denise: Mas aqui não é uma cantina italiana?

Eu: hahahah, pior que é. Mas eu sei o que tá acontecendo, é um sonho.

Denise: hahahah, que?

Eu: É um sonho, sério, isso não aconteceria normalmente, eu tô sonhando.

Denise: hahahah, que bobo! (quase chorando de rir)

Eu acordo por um instante e pego no sono novamente.

[sonho 2, definitivamente sinistro]

Olho pro lado e vejo o controle, ligo a TV e vejo o Arnaldo comentando sobre o árbitro, ao lado de Galvão e Casagrande. Tudo meio embaçado. Outro sonho?

Acordo.

Levanto e vou até a TV, que ainda está desligada. Mas, espera, como assim ainda tá embaçado?

Acordo.

Que merda, to sonhando que to sonhando (isso no sonho). Levanto, vou até a TV e digo, não, agora não pode ser. Chuto a cama três vezes com a canela, na tentativa frustrada de provar que aquilo era realidade. Viu, não é que agora é real, mas pera, porque tá tão embaçado ainda?

Acordo.

Cansei desse negócio, mano, fuck that shit. Vou ficar na cama e nem pensar em levantar. E então, finalmente acordo de verdade, com 30 minutos do primeiro tempo pensando: SERÁ MESMO?

E aí, Arnaldo, o que diz a regra?

Uma música nova

Fiz uma música. Compus, isso, compus uma música. No Feriado, sozinho em casa, família toda na praia. Depois de arrumar as prateleiras e perceber quanto espaço estava sobrando no quarto novo.

Letra bonita, triste, levada folk/country (fiz antes de ver o filme do Jeff Bridges, OK?). Falta uma gaita e um violino. Quem sabe uma batera com baquetas acústicas, de leve.

O fato é: fiz uma música que grudou na minha mente. E isso é bom. Eu acho. Tô até pensando em gravar na casa do Glauber, ó.

Parei de beber fail

Daí que a redenção do fim da sobriedade veio na festa de aniversário do cunhado. A Denise me oferece uma cerveja, o primo dela me oferece vodka com schweeps, o cunhado oferece whisky cowboy, o mais difícil de negar.

Faz uns meses que não bebo tanto, logo cliquei mentalmente no botão fuck that shit e liguei o modo insanidade descontrolada, tão 2008.

Cheguei em casa, liguei pra amigos na festa do Xuxa, às 4 da manhã, partido em dois de tanto beber. E, claro, quando voltei e vi meu real estado de destruição da madrugada de sábado, fiz a ligação da desistência.

O que não me impediu de ainda beber meia caixa de cerveja com o Wolvs e fumar quase um maço de cigarros – o que fez minha cabeça crescer em progressão geométrica, quando da ressaca de domingo.

* update: amigos, quando pegarem mensagens minhas nesse nível, lembrem desse post e da composição das palavras insanidade descontrolada.

Era um garoto

“I need a camera to my eye
To my eye, reminding
Which lies I have been hiding
which echoes belong
I’ve counted out days
to see how far
I’ve driven in the dark
with echoes in my heart”

Wilco, Kamera (do disco Yankee Hotel Foxtrot)

Naquela época eu tinha 16 anos e jogava futebol. Era velho demais pra jogar no time dos pequenos, até os 15, e era novo demais para jogar com os grandes, de 17 pra cima. Jogando com os pequenos era sempre vantagem, ser zagueiro e gigante pra minha idade, acentuava isso como você pode imaginar. Com os grandes era nítido, ficava completamente perdido no campo. Ainda que maior e aparentemente da mesma idade deles, não tinha as manhas do jogo. Embora o técnico sempre me encaixasse.

Dez anos mais tarde estou na frente de uma estação de trabalho, ganhando metade do salário que gostaria, criando meu inferno pessoal entre planilhas e e-mails que não respondo, ganhando a vida.

Sou novo demais pra fazer o que gosto de fazer, que é ficar em casa plantado lendo meus livros, lendo o Google Reader e quem sabe admnistrando os estoques de pipoca e suco de laranja da casa. Ao mesmo tempo, quero ver o Leo e passar um final de semana jogando X-box e trocando idéias sobre a vida, como outras vezes, quero dormir na sala do apartamento do Diogo e acordar podre de ressaca. Só o fato de querer ser inconsequente, díspar e até um pouco arrogante, faz com que me sinta velho demais pra isso.

Embora a vida sempre me encaixe.

…E glória no passado

Escrito um dia após a eliminação do Brasil na Copa de 2006.

Nasce uma pátria quieta
Os bares fechados
Televisores desligados
Talvez seja melhor assim.

“Os jogadores não honraram,
O técnico foi uma droga”

E outros comentários
Nos bancos de táxi,
Nas filas tristes dos mercadinhos.

Já não vejo mais
O verde e amarelo das ruas
Começo a enxergar novamente o cinza-realidade
Escondido entre as jogadas milionárias
E em toda festa que se fazia sem pensar.

Hoje São Paulo acordou silenciosa
E na festa não se fez mais brilho
Hoje o Brasil voltou a enxergar
E foi colocado de volta ao 3º Mundo.

Hora ou outra aconteceria
A vitória poderia ser riso
O sexto mundial, a glória eterna
Mas hoje é dia de voltar a reclamar
E lembrar do nosso inútil parlamento.

Dos filhos destes solo és mãe gentil,
Pátria calada, Brasil.

Qual o filme da sua vida?

Ou o que fazer para não enlouquecer num mundo apegado a histórias com finais satisfatórios.

Denise: Às vezes penso em todas as pessoas que vemos bem sucedidas e tento imaginar a rotina delas, se elas passam por problemas como os nossos. Se acordam como se estivessem num filme romântico hollywoodiano ou num romance de banca de jornal em que as pessoas são sempre bonitas, inteligentes, ricas e bem humoradas.
Eu: a falta de verossimilhança dos filmes com o mundo real é que causa sociedades frustradas.
Denise: É nisso que me pego para não me derrotar.

So maluco?

Trabalho de tempos em tempos a minha dificuldade psicológica em dizer o que ando fazendo para aqueles amigos distantes que vez ou outra aparecem no orkut.

Seria de bom grado dizer: estou amando uma pessoa infinitamente boa, lendo bons livros e tentando resolver minha vida financeira pra poder recomeçar a pensar no futuro de maneira menos vaga e distante. Mas, por inflexões sociais que julgo necessárias, acabo dizendo: to trampando em tal lugar, mó longe, que treta, ce nem imagina. Não trabalho com o que estudei na faculdade, nem sequer faço exatamente o que gosto. Mas vou sair daqui, em breve.

As pessoas precisam do drama.

Sou E-Commerce webwritter (Redator Web)

Imagine uma loja qualquer que venda produtos quaisquer. Além de ter representação física, essa loja tem um site de comércio eletrônico que vende seus produtos e um setor comercial responsável pela compra e venda desses produtos para os consumidores da internet.

Cada um dos produtos comprados pelo setor comercial para a venda no site precisa estar em uma página com título, descrição do produto, texto de venda, galeria de imagens, preço e demais informações. Porque quem compra pela internet precisa saber tudo sobre o produto que não está em suas mãos. Certo?

Digamos que essa loja tenha 10 categorias (esportes, cine e foto, eletrônicos, informática, essas coisas) e que o setor comercial responsável por cada categoria trabalhe com pelo menos 10 marcas diferentes que trabalhem com 50 produtos diferentes.

Sim, muitos produtos.

Logo, precisamos de gente para colocar essa informações, imagens e textos no site. Entra o meu setor: Produção/Redação Web. Nós cadastramos em um portal administrador do site as informações que vão para a página de cada produto, com sua devida foto e suas devidas especificações. A câmera Compact 102 preta da Agfaphoto precisa de um cadastro, a câmera Compact 102 vermelha precisa de outro.

Então, temos uma grande equipe muito unida e também muito ouriçada para executar o serviço braçal.

Esclarecedor, não?

É, eu sei que não.

Bem, sabe quando um funcionário sai do estoque com um carrinho cheio de produtos, chega numa prateleira vazia e vai encaixando tudo? Eu faço isso, mas na internet.

Um dia a humanidade vai entender.