Dois últimos sonhos

Segue abaixo dois sonhos que tive na última semana.

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Estava lá no condomínio, manja. Aí chegava o Jay-Z numa X5 monstra, que eu não lembro de ter visto em lugar nenhum (se bem que o inconsciente, Freud diria, fala mais alto nos sonhos. Vai ver eu sou projetista de automóveis em outra realidade). Aí ele colava no banquinho, na MINHA função e começava a puxar assunto, dar risada.

Marcamos de sair pra fazer algo. Lembro de sentarmos esperando o cara ansiosos, como garotinhos esperando a Xuxa entrar no auditório, tá ligado? Aí ele sai e entra no carro dele, enquanto eu os meus amigos entramos no meu. Ligamos os carros simultaneamente.

Então vou avisar a ele pra esperar um pouco, o From Hell vai em casa pegar uma blusa, ou coisa assim. Em seu carro, Jay-Z está conversando com a Beyoncé. Coloco a cabeça pra fora e digo: Jay-Z, oooooo Jay, Jay-Ziiiiii, Geisyyyy… Nada.

Do nada tenho um insight e digo: ô HOVA!

Ele atende, o From Hell volta e a gente sai pro rolê.

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Estou numa loja de roupas. Compro três camisetas lisas e uma polo listrada, rápido, como sempre costumo fazer (sério, uma vez foi tão rápido que nem precisei validar o cupom ao sair do shopping). Daí saio e vou até o estacionamento pegar o carro.

É quase noite, aquele clima alaranjado, marrom claro, ou parecido com isso (Um homem que se preze só deve conhecer as cores primárias). Entro no carro, coloco a sacola no banco do passageiro, respiro e pego uma por uma das camisetas. Penso que uma delas não vai me servir bem. Saio do carro e decido trocá-la.

Antes de fechar a porta, ouço uns gritos dentro do estacionamento. Um cara correndo pelo muro, atirando em outro cara que corre perto dos carros. Me escondo atrás da porta, tiroteio monstro rolando, a perseguição continua do lado de fora.

Me levanto, tranco a porta e penso: “Po, acho que vou trocar essas camisas numa calça, isso sim”.

Crise monstra

Não consigo escrever um texto, um conto, uma crônica, um release, uma lista de mercado, sem esbarrar em questionamentos e dúvidas que mais parecem bifurcações cruzadas de mão dupla que me fazem desistir na metade. Porque antes esquecer um texto sobre um assunto pífio que não ia chegar a lugar algum do que começar um TCC sobre o tal assunto pífio e também não chegar a lugar nenhum, mas com algumas dores de cabeça de brinde.

Além disso, não consigo postar diariamente – um dos sonhos esquecidos dos anos 00 – nem conciliar uma boa rotina de produção pessoal.

Sem falar no livro do Takami, Tudo sobre fotografia, que está desconsolado na gaveta, esperando austeramente que eu o estude e volte a me empenhar em algo.

Pra fechar, dos meus poucos e majestosos salários mínimos, me sobrou uma nota de 20 reais para todo o mês de junho. Lembrando que sábado, amigos, é dia dos namorados.

Você que chega ao final do mês com alguma sobra de renda, eu realmente não te entendo.

Só isso

Mais do que dinheiro pra pagar as contas
Eu queria ter paz e segurar as pontas.

Momentos, de Nuno Rocha

Porque eu sempre tenho isso de que, no final de semana, você precisa relaxar assistindo ou ouvindo uma parada legal. Esse vídeo abaixo, em HD, é um curta muito bonito, com uma história brilhante e intensa contada em apenas cinco minutos. Produzido por Nuno Rocha, em parceria com a LG de Portugal (o product replacement é quase imperceptível, mas não é à toa). Aprecie:

O postrock na trilha sonora é do Noiserv, banda de Portugal.

Vingou

Descobri que estou cercado de gente bem sucedida (sem hífen, agora? algo me diz que sim). Foda quando você vê seus amigos de infância executivos de grandes empresas, ou proletários com bons cargos e respeitáveis em seus trabalhos, seja lá quais forem. Difícil também começar a seguir gente interessante no Twitter e saber que eles escrevem para o site que você diariamente lê pelo feed. O pior é saber disso vendo a assinatura no final do artigo, num dia de bobeira, vasculhando coisa boa no Google Reader.

Embora minha visão de ser bem sucedido é usar de meios errôneos para fazer algo que lhe agrada (“errôneos”, eu usei mesmo esta palavra?). Eu escrevo diariamente, não só para meus blogs, mas para um site de e-commerce que tem, de certa forma, um compromisso com a informação real. É meio que jornalismo para lavadoras e câmeras digitais, tá ligado?

Portanto, “conforta” saber que alguém pode ter essa neurose pensando em mim também.

Não precisa me dizer. Eu sei quando preciso de um terapeuta.

E esse final de LOST hein?

Até que o series finale de LOST foi convincente. A julgar pelo monte de teorias que qualquer um tinha, foi até bom terminar assim. Pois a moral que essa porra dessa série ensinou a todos é let it go, nigga. Não vai ser pra sempre, então se acostume logo: a maioria de suas idéias sobre como deveria terminar a série estava errada. Viu os finais alternativos no Jimmy Kimmel? Então sorria, tem até uma paródia aos Sopranos, que ainda é minha série preferida de todos os tempos. Tem um legal sobre o Vincent também.

Tem um texto mais completo sobre LOST no meu outro blog. Leiam lá.

Cansei Foda

Foda mesmo da sociedade é ensinarem que as pessoas que você ama vão estar do seu lado nos dias bons e nos dias ruins. Porque nunca é assim. Tem aquele quote de um poema do escritor Sérgio Vaz que diz: “Tenho más notícias: quando o bicho pegar você vai estar sozinho. Não cultive multidões”. Não cultive. Porque vai acontecer. Quando você estiver perdido, sem direção, seu maior ponto de apoio vai te decepcionar e, eventualmente, te abandonar.

E você vai acabar tão vazio quanto antes.

Aí vem na mente aquele outro quote de LOST, quando Locke fala sobre destino e Ben lhe dá o devido corte: “cause destiny, John, is a fickle bitch”

E cansei de traduzir também.

Movendo Montanhas

Fiquem com este vídeo do Moving Moutains, post rock terapêutico. E bom fim de semana.

Tire as mãos do seu rosto pra que eu possa ver
Tudo o que você é e tudo o que costumava ser
Você costumava ser
Para mim, alguma coisa que você não quer ser
Eu sei
Você é como o sol
E eu sou terra
Juntos, somos um
E um dia
Seu fogo vai morrer
E eu vou crescer frio sem a luz do sol
E eu vou congelar, amor
Eu vou morrer
Eu vou congelar
Eu vou morrer por você
Porque as coisas
Elas sempre morrem
Só dê algum tempo, elas sempre morrem
E nós, algum dia, vamos ver nosso amor brilhar
Nosso amor vai brilhar
Seu amor não vai enfraquecer, querida
Amor, eu não posso fazer isso sozinho
Coisas como estas são melhores se incalculáveis
Um dia o sol vai morrer e eu vou crescer frio
Eu espero que um dia seu amor encontre o caminho de casa.

GTFO, Inferno Astral!

É, o inferno astral acabou. Pra fechar, meu pai teve um princípio de ataque cardíaco e minha avó morreu esta semana. Mas tá tudo bem agora, sério. Não tem jeito fácil de dizer essas coisas terríveis. Tive uma conversa com meu irmão, ambos sabíamos que era melhor pra ela, a galera devia ficar mal antes, quando ela sofria, não agora. Parece meio óbvio, mas não dá pra saber o que é para um filho perder uma mãe, se você não viveu isso. Então, eles estavam todos lá, meu pai e meus tios, tristes e consoláveis, mais sozinhos no mundo. Pelo menos vi meus primos, essa gente toda distante e, de certa forma, próxima. Deu pra lembrar porque amo o jeito particular e intraquilo da minha família.

Sério, tá tudo bem. Não senti tanto, acho que senti mais da vez que fui vê-la doente e o Alzheimer não a deixou me reconhecer.

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Porra, essa segunda temporada de LOST é neurose atrás de neurose. E nem falo do Charlie, o rockstar falido, tá ligado? A crew toda mesmo. Nego nóia numa fita, se desespera, acha que tá sendo seguido, vê coisas no meio da selva, toma atitudes desesperadas. I mean, mano, você tá fudido, caiu no meio de uma ilha foda, que, no fundo, não faz mal a ninguém. Então vai cortar umas lenhas e pára de ser esse viciado paranóico que você é. Minha teoria, pelo menos nessa temporada, é que tá todo mundo on drugs demais.

Ah, tenho uma semana pra ver as outras quatro temporadas que me faltam até o season finale da season finale.

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Acabei de ler numa discussão via email corporativo a expressão “para evitar dissabores”. Tive que concordar sem ver o resto da mensagem. Ainda nesse e-mail – que tratava de uma idéia estapafúrdia de um dos cabaços dessa merda nossos sutis e espirituosos colaboradores -, a moça citou leis de creative commons e questionou a chefia. Respect.